Mundo

Carros incendiados em Berlim jogam Merkel e eleições no fogo

Primeira-ministra e líderes da cidade debatem como impedir que as manifestações continuem

Os distúrbios registrados em Berlim colocaram o governo em alerta (Florian Schuh/AFP)

Os distúrbios registrados em Berlim colocaram o governo em alerta (Florian Schuh/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2011 às 17h14.

Berlim - As dezenas de carros incendiados durante esta semana em Berlim são um tema de grande preocupação para a chanceler alemã, Angela Merkel, principalmente num contexto de campanha eleitoral regional.

Pela quarta noite consecutiva, vários carros foram incendiados em diferentes bairros da capital alemã, sem motivo aparente.

Distante ainda dos tumultos que ocorreram recentemente no Reino Unido ou em várias cidades francesas há alguns anos, os incidentes alemães preocupam profundamente a chanceler.

"Que comportamento é este?", questionou Merkel, criticando as pessoas que "brincam friamente com as vidas humanas".

Alguns jornais, como o Tagespiegel (centro-esquerda), que geralmente utiliza um tom comedido, afirmam haver "uma atmosfera surreal de guerra civil".

A chanceler, que fez um pronunciamento durante uma cerimônia em Wiesbaden (oeste), fez um apelo para que haja um aumento das forças de ordem e assegurou que "para isso o governo está mobilizado".

O ministro do Interior da Baixa Saxônia, Uwe Schünemann, membro da União Cristã-Democrata (CDU), mesmo partido de Merkel, planeja colocar este problema na pauta de discussões urgentes e levá-lo à reunião com os ministros dos outros estados regionais a fim de evitar que o fenômeno se espalhe pelo país.

A polícia de Berlim, que ofereceu 5.000 euros de recompensa para todas as pessoas que contribuírem com informações sobre os ataques, parece incapaz de deter os incêndios.

"Entre o momento em que o incendiário ateia fogo com seu isqueiro ao pneu de um carro e o momento em que este pega fogo, passam-se pelo menos 15 minutos, tempo suficiente para que ele fuja", explica a chefe da polícia de Berlim, Margarete Koppers, ao jornal Berliner Zeitung.

Ninguém foi preso até agora. Nesta sexta-feira, um suspeito de 29 anos, vendedor de jornais, foi interrogado.

As motivações dos autores dos incêndios permanecem um mistério.


Alguma ligação com os tumultos britânicos? "Absolutamente nenhum indício permite fazer tal afirmação", respondeu Koppers.

E com ações políticas? "Não", enfatizou. "Muitos incêndios em 2009 tinham como alvos veículos caros (...) Havia um objetivo político claro. Não é o caso das ações atuais", completou.

A direita de Berlim pensa diferente e afirma que usará este tema durante a campanha para a eleição do governo regional de Berlim, no dia 18 de setembro.

A CDU de Merkel lançará na segunda-feira uma nova campanha com cartazes que mostram a foto de um carro incendiado e a inscrição "Berlim precisa compreender isso?", fazendo alusão ao slogan do atual prefeito, o social-democrata (SPD) Klaus Wowereit: "Compreenda Berlim".

Krank Henkel, da CDU, ataca a política conduzida pelo SPD e seu aliado de extrema-esquerda, Die Linke, e os acusa de fazer uma "economia destrutiva" às custas da polícia.

Outro membro do CDU, o presidente da Comissão Parlamentar do Interior, Wolfgang Bosbach, chegou a ligar o terrorismo à extrema-esquerda.

"O terror da RAF começou com simples incêndios", disse ele ao canal de televisão N24 referindo-se à Facção do Exército Vermelho, autora dos atentados mortais nos anos 1970.

Em 2010, 54 veículos foram incendiados em Berlim, enquanto foram registrados 221 em 2009. Para 2011, incluindo os incêndios desta semana, o total já é de 158.

Tradicionalmente no país, carros são incendiados no dia 1o. de maio durante confrontos entre militantes da extrema-esquerda e a polícia.

Acompanhe tudo sobre:AlemanhaEuropaPaíses ricosPolíticaPolítica no BrasilProtestos

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru