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Cardeal visto como responsável por escândalos deixa cargo

Tarcisio Bertone, de 78 anos, deixou o posto de secretário de Estado por ter sido incapaz de evitar uma série de escândalos éticos e financeiros


	Papa Francisco (e), com Secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone
 (Giampiero Sposito/Reuters)

Papa Francisco (e), com Secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone (Giampiero Sposito/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2013 às 18h36.

Cidade do Vaticano - Um cardeal amplamente recriminado por ter sido incapaz de evitar uma série de escândalos éticos e financeiros durante o pontificado de Bento 16 renunciou nesta terça-feira, encerrando uma era repleta de constrangimentos.

Tarcisio Bertone, de 78 anos, deixou o posto de secretário de Estado, o segundo mais elevado na hierarquia do Vaticano - uma espécie de "papa-adjunto". O arcebispo Pietro Parolin, de 58 anos, diplomata de carreira do Vaticano, será seu substituto.

Esse é o mais visível rompimento da hierarquia deixada por Bento 16, que renunciou em fevereiro, refletindo o desejo do papa Francisco de reformular a obscura administração da Santa Sé e seu banco, assolado por escândalos.

Parolin, ex-núncio apostólico na Venezuela, é conhecido por seu estilo de vida frugal, conforme Francisco vem pregando desde sua eleição.

Ele não estava presente na cerimônia de posse na terça-feira, pois havia passado por uma cirurgia durante visita a familiares no norte da Itália.

Em seu pronunciamento na posse, Francisco fez várias referências às dificuldades que marcaram a "espinhosa" passagem de Bertone pela secretaria de Estado.

Bertone foi um dos mais polêmicos secretários na história moderna do Vaticano, mas Bento 16 sempre resistiu à pressão para demiti-lo.

Embora não tenha poder sobre questões doutrinárias, o secretário de Estado assume as funções do papa quando este adoece. Ele também dita o tom da administração vaticana e se envolve em questões como finanças, nomeações de bispos e as relações diplomáticas com mais de 180 países.

Críticos dizem que Bertone falhou ao não supervisionar a Cúria Romana (administração do Vaticano) de forma eficiente. Sob seu mandato, vários membros da Cúria foram acusados de corrupção e clientelismo.

Um dos mais graves desses escândalos ficou conhecido como "Vatileaks", em que o mordomo do papa furtou documentos que apontavam casos de corrupção no Vaticano e os entregou à imprensa.

Isso coincidiu com o tumulto no banco do Vaticano, que está sendo investigado por promotores italianos devido a suspeitas de lavagem de dinheiro.

Outra crítica a Bertone é a de não ter previsto as consequências negativas da decisão de Bento 16 de reabilitar um bispo tradicionalista que minimizava o Holocausto.

A substituição de Bertone atende aos apelos do papa para que a Cúria seja menos introspectiva e "vaticanocêntrica".

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