O polêmico cardeal Timothy Dolan: cardeal pediu ao Vaticano "uma maior proteção desses fundos frente a qualquer reivindicação legal ou dívida". Pedido foi aprovado cinco semanas depois (Yara Nardi / Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de julho de 2013 às 08h39.
Washington - O cardeal de Nova York, Timothy Dolan, transferiu US$ 57 milhões em 2007 para um fundo fiduciário da Igreja Católica dos Estados Unidos para protegê-los da avalanche de processos por casos de abuso sexual, segundo documentos revelados nesta segunda-feira pela arquidiocese de Milwaukee.
Dolan, cardeal de Milwaukee entre 2002 e 2009, solicitou em carta enviada ao Vaticano "uma maior proteção desses fundos frente a qualquer reivindicação legal ou dívida", um pedido que foi aprovado cinco semanas depois.
Em comunicado, o atual cardeal de Nova York rejeitou as acusações que classificou como "velhas e mentirosas" e disse que tudo foi feito de acordo com a legislação.
A arquidiocese de Milwaukee se declarou em processo de falência em 2011, devido aos crescentes custos ocasionados pelos processos sobre os abusos sexuais cometidos por padres da mesma.
Os documentos fazem parte do processo de falência que exige a divulgação de arquivos internos.
No momento da quebra, a Igreja Católica nos EUA tinha conseguido acordos com cerca de 200 vítimas de abusos sexuais, e no ano passado informou que tinha gasto cerca de US$ 30 milhões em ações judiciais e indenizações para as vítimas.
Milwaukee foi uma das arquidioceses mais afetadas pelos escândalos de abusos sexuais cometidos por sacerdotes pedófilos, como o caso do reverendo Lawrence Murphy, acusado de abusar de 200 meninos, e do reverendo Sigfried Widera, que foi acusado em 42 casos.
Além disso, os arquivos revelam como Dolan exigiu mais punições aos sacerdotes envolvidos nesses escândalos.
Se não fosse assim, afirmou Dolan em 2007, "nossa credibilidade ficaria seriamente danificada". A maioria dos casos de abusos ocorreram antes de Dolan assumir a arquidiocese de Milwaukee.