George Pell: o Tribunal de Magistrados afirmou que existem provas para julgar o cardeal por supostos abusos sexuais (AAP/James Ross/Reuters)
EFE
Publicado em 2 de maio de 2018 às 11h26.
Sydney - O cardeal australiano George Pell, chefe das finanças do Vaticano, pode enfrentar dois julgamentos separados por supostos abusos sexuais, informam nesta quarta-feira (data local) meios de comunicação da Austrália.
Um tribunal estadual de Victoria (sul do país) realizou hoje em Melbourne uma audiência de 11 minutos à qual compareceu o religioso para discutir assuntos vinculados aos procedimentos e na qual a juíza responsável, Sue Pullen, ordenou a realização de outra jornada instrutiva para o próximo dia 16 de maio.
A magistrada concluiu a audiência sem fixar uma data de início para a causa.
Na véspera, o Tribunal de Magistrados dessa jurisdição - uma instância menor que a estadual - determinou que existem evidências suficientes para julgar Pell, de 76 anos de idade, por supostos abusos sexuais.
Durante o dia de hoje, a juíza Pullen abordou assuntos legais com a promotoria e a defesa, enquanto o religioso permaneceu em silêncio, segundo a agência local "AAP".
"Acredito que é sensato que sejam realizados dois julgamentos", declarou o advogado de Pell, Robert Richter, ao argumentar que as acusações implicam dois lugares diferentes e as supostas acusações se referem a dois momentos separados por uma lacuna de 20 anos.
Por sua vez, o promotor Mark Gibson pediu três meses de prazo para poder apresentar os documentos necessários para os julgamentos, embora o advogado de Pell tenha pedido que o processo aconteça com a maior brevidade possível.
"Nós esperamos agilizar o primeiro julgamento por distintas razões: a primeira é que o meu cliente tem 76 anos de idade e a segunda é que todos necessitam seguir com suas vidas", alegou Richter.
Pell, o representante da Igreja Católica de mais alta categoria que enfrenta um processo por abusos sexuais, se declarou ontem inocente dos crimes em uma audiência realizada no Tribunal de Magistrados de Melbourne.
A magistrada Belinda Wallington, que analisou até terça-feira a abertura do processo, admitiu algumas das acusações que pesam contra Pell, mas desprezou ou anulou outras mais graves devido à falta de evidências.
Pell será processado por "múltiplas" ofensas sexuais contra "múltiplos" querelantes que teriam ocorrido em uma piscina de Ballarat, sua cidade natal, e também na Catedral St Patrick's de Melbourne entre as décadas de 1970 e 1990, mas a divulgação dos detalhes está proibida por razões legais.