Henriqe Capriles, candidato a presidência da Venezuela: o opositor considerou que foi uma campanha "brutalmente desigual" (Juan Barreto/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2012 às 17h47.
Barcelona - O candidato da oposição à presidência venezuelana, Henrique Capriles, garante que seu país mudou durante o último ano e está convencido de sua vitória nas eleições do próximo domingo, porque "está na hora de fechar um ciclo".
Em entrevista à Agência Efe, este advogado de 40 anos que tentará derrotar Hugo Chávez nas urnas e acabar com um governo que está há 14 anos no poder, assegurou que não será chefe de Estado para "cobrar contas".
"Eu estou absolutamente convencido que o destino está escrito, sou uma pessoa que acredita muito em que o tempo de Deus é perfeito e está na hora de fechar um ciclo na Venezuela", disse Capriles.
Com um boné no qual se lia "Jesus", o ex-governador do estado de Miranda, um dos maiores do país, declarou que não está preocupado com a reação de Chávez diante de uma eventual derrota.
"Honestamente não é um assunto para o qual dou importância, para mim (o importante) é conseguir a confiança dos venezuelanos, ganhar as eleições e começar a trabalhar", comentou.
Capriles ressaltou que a campanha do governo foi "muito má", apelando "ao medo, à intimidação", e lamentou que seu adversário tenha recorrido aos ônibus para levar seus eleitores aos comícios.
"Eu acho que o próprio candidato do governo jamais imaginou que perderia a capacidade de convocação", salientou.
O opositor considerou que foi uma campanha "brutalmente desigual" em alusão aos menos de três minutos que tem nos meios de comunicação que, por outro lado, realizam uma cobertura intensiva da atividade do presidente.
"Não há nenhum país no mundo em que você encontre uma campanha nas condições que se desenvolveu a da Venezuela. Eu acho que o abuso de poder pagará um preço no dia 7 de outubro", assinalou.
Ao refletir sobre o respaldo que Chávez teve nos últimos anos, aponta que "boa parte da consolidação deste governo foi responsabilidade da oposição, de uma má oposição".
Em matéria econômica assegura que as soluções vão chegar pelas mãos da "confiança", uma palavra que, ressaltou, vai caracterizar a Venezuela que governará e à qual apelará para atrair investimentos e tramitar os problemas vigentes em matéria de nacionalizações e repatriação de dividendos de empresas estrangeiras.
"Eu não venho cobrar contas, eu venho construir um país e não vou perder um só dia. Acredito em um país diferente ao que temos hoje, onde haja instituições que funcionem de forma independente", especificou.
O opositor garante que uma eventual transição de governo até o dia 10 de janeiro, quando assumirá o novo presidente, dependerá das Forças Armadas e das "pessoas boas" do atual Executivo.
"Vai depender muito, acho eu, de nossas Forças Armadas, vai depender muito dessa nova realidade política que eu sinto que vai existir no dia 8 de outubro", disse.
"Nem todos os que estão no governo querem sair do país, querem saquear este país, também há gente boa, talentosa", acrescentou, ao manifestar sua confiança que esse grupo vai erguer-se como defensor da democracia frente "às loucuras que um grupinho pretenda fazer ao ver que tem que abandonar o poder",
Apesar do otimismo, Capriles também falou como será sua reação em casa de derrota. "Para saber ganhar é preciso saber perder, para mim o que os venezuelanos digam é sagrado", afirmou.
Por isso, explicou que no dia das eleições terá "um sistema de auditoria" que pretende escanear as "atas de totalização" para verificar se coincidem com os resultados oficiais.
"Se coincidimos e ganhamos, ganhamos, e se coincide e perdemos, isso é a democracia", concluiu.