O líder opositor venezuelano, Henrique Capriles: ele argumentou que o governo "mentiu" ao afirmar até bem pouco tempo que não havia uma desvalorização do bolívar (AFP/ Juan Barreto)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 19h29.
Caracas - O líder opositor venezuelano, Henrique Capriles, acusou novamente, nesta quinta-feira, o governo de "mentir" sobre o estado de saúde do presidente Hugo Chávez, hospitalizado em Cuba há mais de dois meses e afastado da vida pública.
"Muito provavelmente, eles têm mentido nos últimos dois meses sobre a condição do presidente da República", disse em coletiva de imprensa Capriles, que argumentou que o governo "mentiu" ao afirmar até bem pouco tempo que não havia uma desvalorização do bolívar, o que se confirmou na quarta-feira.
Capriles defendeu que Chávez pode estar em uma situação "totalmente diferente em relação ao que falaram" os membros de seu governo, os únicos autorizados a divulgar informações sobre o estado de saúde do dirigente.
O último registro divulgado na quarta-feira pelo vice-presidente Nicolás Maduro indicava que o presidente está sendo submetido a tratamentos "complexos e duros" na sua luta contra o câncer.
Apesar de Chávez não aparecer em público desde que foi operado pela quarta vez no dia 11 de dezembro em Cuba, o executivo garante que o presidente continua no comando, tomando decisões e assinando decretos, como a desvalorização de quase 32% do bolívar frente ao dólar, que entrou em vigor na quarta-feira.
Capriles, que ressaltou que Chávez havia negado no ano passado que planejava uma desvalorização da moeda, insistiu que o governo "mente sistematicamente".
"Se uma pessoa pode assinar, não vai poder se pronunciar ao país? Então estão mentindo, não é verdade que o presidente fala e assina", acrescentou.
Capriles foi derrotado nas eleições presidenciais de outubro de 2012 por Chávez, porém obteve um número maior de votos do que outros rivais anteriores do dirigente, com 44% frente a 55%.
O atual governador do estado Miranda (no norte) não confirmou que se candidataria às eleições presidenciais antecipadas frente a uma eventual falta absoluta do presidente e disse que a oposição está "pronta" para tomar decisões caso ocorra este cenário.
Chávez, desde 1999 no poder, não pôde tomar posse para um novo mandato no dia 10 de janeiro, como estava previsto, mas o Tribunal Supremo aprovou que assumisse quando estivesse em condições e que seu governo do período 2007-2012 permanecesse em exercício.