Invasores no Capitólio, em 6 de janeiro de 2021: episódio há um ano foi motivada pela derrota de Trump na eleição (Win McNamee/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2022 às 06h00.
Democratas e republicanos se debruçam nesta quinta-feira sobre o primeiro aniversário de um ano da invasão ao Capitólio, quando milhares de pessoas invadiram o Congresso americano em 6 de janeiro de 2021.
Na ocasião, cinco policiais e um manifestante foram mortos nos confrontos que se seguiram. Outros 140 policiais ficaram feridos. Um ano depois, comissões no Congresso e autoridades lideram investigações sobre o caso, e críticas seguem direcionadas ao ex-presidente Donald Trump, acusado de incentivar os manifestantes.
A data tem sido lembrada ao longo de toda a semana nos Estados Unidos. Nesta quinta-feira, além das esperadas manifestações por redes sociais e discursos de políticos, uma das falas mais aguardadas é a do presidente Joe Biden, que fará um discurso à tarde diretamente do Capitólio.
Segundo informou a CNN americana, Biden passou os feriados de fim de ano trabalhando no discurso, que deve trazer sua visão sobre como o país precisa se unir após os ataques à democracia vistos no episódio. O presidente também deve alfinetar Trump, a quem culpa pelo ocorrido.
O ex-presidente Trump, por sua vez, cancelou nesta semana uma coletiva de imprensa que havia marcado para esta quinta-feira em seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida.
Em comunicado, ele criticou as investigações de um comitê do Congresso sobre o 6 de janeiro, e disse que os envolvidos deveriam estar investigando o que chama de "fraude nas eleições de 2020".
Em vez da coletiva, Trump disse na mesma nota que vai "discutir muitos destes assuntos importantes em meu comício no sábado, 15 de janeiro, no Arizona. Será uma grande multidão!", escreveu.
A invasão em 6 de janeiro ocorreu enquanto os congressistas votavam a retificação da vitória do agora presidente Biden, que havia vencido há pouco mais de um mês a eleição contra Trump. O grupo que invadiu o Capitólio se classificava como apoiador do republicano e acusava fraude nas eleições.
Desde então, com a polarização ainda latente nos EUA, há pouco consenso sobre como avaliar o episódio. Os democratas chamaram o caso de "insurreição" e "tentativa de golpe", enquanto Trump o classificou na época como uma "demonstração desarmada" de "patriotas" contra uma eleição "roubada".
Outro lembrete do ataque são as contas do ex-presidente Trump nas redes sociais, derrubadas após a invasão, sob alegação, entre outros motivos, de que as postagens do ex-presidente desrespeitaram os termos de uso das plataformas. Trump segue banido das principais redes até hoje, mas pelo prazo divulgado pelas empresas, tende a ter a conta reativada antes do próximo pleito americano, em 2024.
Também nesta semana, o governo afirmou na quarta-feira, 5, que tem a intenção de processar os participantes do ataque ao Capitólio independentemente de seu status político, disse o secretário de Justiça, Merrick Garland. Mais de 720 pessoas foram acusadas até agora.
Garland não citou Trump nem disse se o ex-inquilino da Casa Branca está sob investigação.
Uma comissão parlamentar composta principalmente por democratas busca determinar se Trump encorajou ou coordenou a violência de seus partidários contra a sede do Congresso e os policiais que protegeram o local.
"O Departamento de Justiça continua comprometido com que todos os atacantes de 6 de janeiro prestem contas, qualquer que seja seu status, tanto se estiveram presentes nesse dia como se foram responsáveis penalmente pelo ataque à nossa democracia", disse Garland.
Um ano após um dos episódios mais marcantes da democracia americana, as divisões estão longe do fim.
(Com AFP)