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Capa do Charlie Hebdo é alvo de críticas no Oriente Médio

Muitos muçulmanos dizem que a representação visual do profeta Maomé é proibida


	Charlie Hebdo: segundo as críticas, colocar Maomé na capa do jornal foi uma provocação
 (Martin Bureau/AFP)

Charlie Hebdo: segundo as críticas, colocar Maomé na capa do jornal foi uma provocação (Martin Bureau/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2015 às 14h53.

Dubai - Governos, autoridades islâmicas e meios de comunicação estatais de todo o Oriente Médio criticaram a decisão do jornal satírico francês Charlie Hebdo de colocar o profeta Maomé na capa da edição desta quarta-feira.

Segundo as críticas, a medida foi uma provocação.

O instituto egípcio Dar al-Iftaa disse, na terça-feira, que a publicação na nova caricatura era uma "provocação injustificada aos sentimentos dos 1,5 bilhão de muçulmanos ao redor do mundo, que respeitam e amam seu profeta".

Em comunicado, o instituto afirmou que a publicação pode levar a uma nova onda de ódio na França e no Ocidente, prejudicando os esforços para se chegar à paz.

O presidente egípcio Abdel Fattah Al Sisi também emitiu um decreto na terça-feira que permite ao primeiro-ministro proibir publicações estrangeiras consideradas ofensivas ao Islã, segundo informações divulgadas por meios de comunicação estatais, medida que parece ter como alto publicações como o Charlie Hebdo.

Muitos muçulmanos dizem que a representação visual do profeta Maomé é proibida, em parte porque o Alcorão adverte contra a idolatria ou qualquer coisa que possa contribuir para a adoração de "falsos ídolos".

Ibrahim Negm, conselheiro do grande mufti (acadêmico islâmico a quem é reconhecida a capacidade de interpretar a lei islâmica) do Egito pediu autocontrole durante uma palestra em Nova York, pedindo aos muçulmanos que corrijam a imagem distorcida do Islã, segundo informações do site do Dar al-Iftaa.

Ele disse também que os muçulmanos devem exigir que a difamação de símbolos e crenças religiosos sejam criminalizados.

No Irã, a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Marzieh Afkham, reiterou nesta quarta-feira as críticas anteriores ao ataque ao Charlie Hebdo, segundo informações divulgadas pela agência Bloomberg.

"Por outro lado, nós desaprovados as medidas provocativas e o compromisso desse semanário é o insulto, o que vai provocar os sentimentos dos muçulmanos", disse a porta-voz.

Izzat al-Risheq, integrante do escritório político do Hamas, disse em postagem no Facebook que ofender a pessoa ao profeta "é considerado uma violação a todos os cânones celestiais e um ato racista, que tem como alvo espalhar o ódio, e não tem nada a ver com a liberdade de opinião".

O Hamas controla a Faixa de Gaza.

"O Charlie Hebdo se aproveitou da solidariedade de alguns líderes e autoridades árabes para manter sua abordagem ofensiva ao profeta", escreveu Risheq.

Na Turquia, a polícia invadiu a gráfica de um jornal de esquerda, na manhã desta quarta-feira, depois de os editores da publicação terem prometido publicar trechos da edição de hoje do Charlie Hebdo.

As autoridades, porém, permitiram que o jornal fosse às bancas depois de verificarem que as caricaturas estavam publicadas no interior do jornal, e não na capa.

A polícia bloqueou ruas ao redor do jornal, sediado em Istambul, no final do dia, deixando claro o potencial incendiário que as caricaturas têm no país, de maioria muçulmana.

O governo turco, de maioria islamita, criticou os ataques ao Charlie Hebdo, mas advertiu que o aumento do ódio em relação aos muçulmanos na Europa alimenta o extremismo.

Fonte: Dow Jones Newswires.

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