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Candidatura de Sobchak anima eleições russas e divide oposição

Ksenia Sobchak, de 35 anos, ficou conhecida em um programa de reality-show e é uma das poucas vozes críticas a Vladimir Putin na mídia russa

Ksenia Sobchak: a ex-estrela de reality show anunciou na quarta-feira (18) a sua candidatura (Sergei Karpukhin/Reuters/Reuters)

Ksenia Sobchak: a ex-estrela de reality show anunciou na quarta-feira (18) a sua candidatura (Sergei Karpukhin/Reuters/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de outubro de 2017 às 18h24.

A candidatura de Ksenia Sobchak, uma ex-estrela de reality-show próxima à oposição, animou as presidenciais russas, nas quais Vladimir Putin parece ter assegurada a vitória, mas dividiu a oposição liberal, apontam analistas.

Sobchak, de 35 anos, que ficou conhecida em um programa de reality-show, uma das poucas vozes críticas a Putin na mídia russa, anunciou na quarta-feira a sua candidatura para as presidenciais de março. Mas segundo os opositores, trata-se de uma montagem que, na realidade, favorece Putin.

Seu maior rival, Alexei Navalny, que levou milhares de pessoas às ruas para protestar contra a corrupção, foi declarado inelegível pela comissão eleitoral por uma condenação judicial e não poderá participar das eleições.

Segundo o cientista político Konstantin Kalatchev, a candidatura de Sobchak é explicada pela "vontade de gerar interesse pelas eleições (...) É uma tentativa de construir uma candidata liberal e sedutora, mas de maneira artificial", acrescenta.

Em 2012, a candidatura do milionário Mikhail Prokhorov, que ficou em terceiro lugar, já havia sido interpretada como uma ação dirigida do Kremlin para frear a onda de protestos posterior à reeleição de Vladimir Putin.

"A iniciativa de Sobchak não teria sentido sem o acordo do Kremlin", concorda o cientista político Igor Bunin, em declarações ao jornal RBK, considerando a candidata "uma figura de compromisso".

Ksenia Sobchak, que participou do reality-show "Dom-2", é filha do ex-prefeito de São Petersburgo Anatoli Sobtchak, mentor político de Vladimir Putin.

Símbolo da juventude hedonista dos primeiros anos do mandato de Putin, Sobtchak se aproximou politicamente de Navalny durante as manifestações de 2011 e 2012, e também se tornou um dos principais rostos da emissora de oposição Dojd.

No entanto, os russos se interessam pouco por estas eleições em que Putin, que ainda não apresentou oficialmente sua candidatura, sai como favorito e provavelmente não terá contra si nenhum adversário de peso.

Com a candidatura de Ksenia Sobchak, "o povo tem garantido o circo, ainda que prefiram o pão", assegura o jornal popular Moskovski Komsomolets.

"Não tem candidato? Vote em Sobchak. Não para elegê-la como presidente, mas para ter o direito legal e pacífico de dizer 'já chega!'", provoca a própria Sobchak em um vídeo publicado em seu site de campanha.

Navalny, que no domingo terá cumprido a sua terceira pena de prisão este ano, criticou, antes mesmo do anúncio oficial, uma possível candidatura de Sobchak, assegurando que responde aos interesses do Kremlin.

Em um artigo publicado pelo movimento político de oposição Open Russia, a jornalista Zoia Svetova lamenta que Sobtchak esteja dando "legitimidade a essas eleições".

Mas segundo Konstantin Kalatchev, sua entrada na campanha será possivelmente um "bom presente para Navalny".

"Já sabemos que Navalny pedirá o boicote das eleições e a participação de Sobtchak as converte em um circo e uma farsa, fazendo com que muitas pessoas tenham ainda mais razões para não ir votar", assegura o cientista político.

O instituto VTsIOM voltou a publicar nesta quinta-feira (19) os resultados de uma pesquisa de 2015, segundo a qual 90% dos russos já haviam ouvido falar de Ksenia Sobchak, mas 60% tinham uma opinião ruim sobre ela.

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