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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Brasília - A enorme popularidade e o carisma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pesam tanto na campanha para as eleições de outubro no Brasil que todo candidato a sucedê-lo, mesmo que de oposição, parece repetir: "Eu quero ser como ele".
Talvez por essa insistência em se parecer com um líder que mantém 80% de popularidade após quase oito anos no poder, o debate ideológico ou programático está ausente e a palavra que os candidatos repetem em coro em suas promessas é "continuidade".
Nesse cenário propício, a candidata à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff, desponta como clara favorita para ganhar as eleições de 3 de outubro.
Ela não tem o carisma nem a experiência política de Lula, mas sim o apoio explícito do líder, que desde o começo da campanha, há um mês e meio, se apresentou com ela em comícios e na televisão, pedindo aos brasileiros que a apoiem.
"Deixo em tuas mãos o meu povo e tudo o que mais amei/Mas só deixo porque sei, que vais continuar o que fiz", diz uma voz que representa Lula em uma dos jingles da campanha do PT.
Dilma entendeu que o magnetismo do ex-sindicalista e a proposta de continuar com sua obra de Governo podem ser as cartas de triunfo nas eleições e a candidata não para de repetir que deseja ser como Lula, mas com "alma e coração de mulher".
Em seus discursos, a candidata do PT, que enfrenta este ano a primeira eleição presidencial de sua vida, chega a citar Lula mais de uma vez por minuto para explicar suas propostas.
A essa recorrente menção ela acrescenta sua participação no Governo Lula, primeiro como ministra de Minas e Energia e depois como ministra-chefe da Casa Civil, cargo ao qual renunciou em março para ser candidata.
O principal rival da "candidata de Lula" é o opositor José Serra (PSDB), que apresenta aos eleitores uma sólida experiência política como seu principal trunfo.
Nos últimos 30 anos, foi deputado, senador, prefeito e governador de São Paulo, ministro do Planejamento e Orçamento e da Saúde, e se candidatou à Presidência em 2002, quando perdeu contra Lula.
Como Dilma, Serra carece de carisma, mas é visto como um eficaz administrador. E como ela, não deixa de elogiar Lula em seus discursos, apesar de seu caráter opositor.
"Fez coisas muito boas", disse em seu espaço eleitoral no rádio, no qual também insiste várias vezes em que "Lula não é candidato nestas eleições", motivo pelo qual pede que sua experiência seja medida com a de Dilma.
Filho de feirante, Serra também apela a sua origem humilde, como a de Lula, para tentar conquistar os eleitores seduzidos pela história do torneiro mecânico que chegou à Presidência.
No entanto, a um mês e meio das eleições, as pesquisas atribuem a Dilma entre 41% e 45% das intenções de voto, contra cerca de 30% para Serra.
Em terceiro lugar aparece Marina Silva (PV), uma ecologista que entrou na política dentro do PT, partido do qual saiu em 2009 após 30 anos de militância, e que entre janeiro de 2003 e maio de 2008 foi ministra do Meio Ambiente do Governo Lula.
Ela tem em torno de 8% das intenções de voto e, como todos os candidatos, reconhece os avanços no país nos âmbitos social e econômico e também resiste a criticar Lula, com quem diz que mantém uma estreita amizade tecida dentro do PT.
Além disso, a regra é observada entre os aspirantes aos 27 Governos dos estados, que também serão eleitos no dia 3 de outubro, incluindo o ex-presidente Fernando Collor de Mello, candidato ao Governo de Alagoas e histórico adversário do PT.
"Lula é o melhor presidente que o Brasil teve. Lula melhorou tudo o que eu fiz", disse Collor, em sua campanha.
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