Obrador: o ex-prefeito da capital tem mais de 50% das intenções de voto e deve ser eleito presidente do México (Servando Gomez Camarillo/Getty Images)
EXAME Hoje
Publicado em 29 de junho de 2018 às 06h48.
Última atualização em 29 de junho de 2018 às 07h33.
Vivemos uma época de ascensão de governos e candidatos conservadores, como na Itália, Turquia, Estados Unidos, França, mas o México caminha na contra-mão desses eventos. Neste domingo, os mexicanos devem eleger Andrés Manuel López Obrador (AMLO), de 64 anos, um oposicionista de centro-esquerda do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), partido que ele mesmo criou em 2014. Ele lidera a corrida presidencial com cerca de 51% das intenções de voto, de acordo com o jornal Reforma. Seu concorrente mais próximo, o conservador Ricardo Anaya, do Partido de Ação Nacional (PAN), aparece com 27% na mesma pesquisa.
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A ascensão AMLO tem um pano de fundo contraditório entre a economia e a segurança durante o governo do atual presidente Enrique Peña Nieto. De um lado, o meio empresarial do país comemora os indicadores da economia mexicana, que acumula 33 trimestres de crescimento consecutivo. A aprovação de reformas pró-mercado em 2013 ajudou a atrair investimentos externos, a reduzir a taxa de desemprego, que agora é de apenas 3,4%, e a ampliar as exportações, que somaram 400 bilhões de dólares em 2017 — quase o dobro das brasileiras.
Se a economia vai bem, os escândalos de corrupção e a violência descontrolada, com mais de 220.000 pessoas assassinadas no país desde 2006, macularam a gestão de Peña Nieto.
O cenário piora se lembrarmos que há um alaranjado Donald Trump na fronteira norte ameaçando erguer um muro entre os dois países e abandonar o Nafta, tratado de livre comércio responsável por metade das exportações mexicanas. Além de estar separando pais e filhos pegos pela autoridade migratória.
López Obrador aproveita este cenário para se consolidar como um candidato populista que promete peitar Trump, combater a violência e enquadrar os corruptos. Articulado e carismático, Obrador ficou conhecido nacionalmente depois de ser eleito prefeito da Cidade do México em 2000. Marcou sua gestão pelo equilíbrio do orçamento, eliminou cargos supérfluos e deu o exemplo de desapego morando num apartamento modesto e dirigindo o próprio carro. Deixou o cargo em 2005 com 80% de aprovação.
Peña Nieto ficou marcado por escândalos de corrupção e fracassadas promessas de reduzir a violência. Com 69% de desaprovação, Peña Nieto tornou inviável a chance de José Antonio Meade (que tem apenas 19% dos votos), do tradicionalíssimo Partido Revolucionário Institucional, o mesmo do atual presidente.
Segundo a revista Economist, Obrador é a resposta mexicana a Trump. Ela deve ter sua consagração no domingo.