As negociações comerciais na OMC, conhecidas como Rodada de Doha, estão paralisadas há alguns anos pela falta de convergência suficiente para a liberalização dos setores agrícola, industrial e de serviço (©AFP / Fabrice Coffrini)
Da Redação
Publicado em 1 de maio de 2013 às 12h10.
Genebra - A Organização Mundial do Comércio (OMC) precisa mudar muito, começando pela atitude defensiva adotada por seus países-membros, disse em entrevista à Agência Efe o mexicano Herminio Blanco Mendoza, candidato a diretor-geral do organismo.
"Existem muitas coisas para mudar. O elemento fundamental que é preciso resolver é que não é possível seguir do modo defensivo que estamos", afirmou Blanco ao responder qual seria a mudança mais urgente que o novo diretor da OMC deve empreender.
"A OMC não pode estar por trás, mas na frente, pensando no que vai ocorrer no futuro. E as regras devem refletir isto", disse o ex-ministro do Comércio do México e o negociador chefe do Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (NAFTA).
Blanco concorre ao cargo com o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo.
Hoje, três embaixadores na OMC, do Paquistão, Canadá e Suécia, começarão a última rodada de consultas entre os 159 Estados-membros da instituição para designar o ganhador, que precisará de um apoio não só numérico, mas amplo em termos geográficos e de desenvolvimento socioeconômico dos países.
As negociações comerciais na OMC, conhecidas como Rodada de Doha, estão paralisadas há alguns anos pela falta de convergência suficiente para a liberalização dos setores agrícola, industrial e de serviço. Sobre esta questão, Blanco afirmou que não há alternativa a não ser concluir as negociações com sucesso.
"Se não há uma solução substancial na agenda de desenvolvimento de Doha não existe maneira de lançar outras negociações. Se isto não ocorrer, a organização cairia no risco de se transformar em irrelevante", alertou.
"Não há opção a Doha, mas também é necessário falar de outros temas, como por exemplo o que fazer para manter a OMC como uma entidade competitiva, que possa oferecer benefícios a todos os seus membros", ponderou.
A equipe de campanha de Blanco, que percorreu meio mundo e aproveitou todos os foros regionais possíveis para ganhar adeptos para sua candidatura, não esconde o otimismo de que o mexicano seja eleito.
Em relação ao seu rival brasileiro, que apresenta seu conhecimento do intrincado mundo da OMC como uma vantagem frente à candidatura mexicana, Blanco opina justamente o contrário.
"O atrativo da minha candidatura é que não sou daqui, trago uma visão de fora, que sou capaz de ter credibilidade tanto no exterior como no interior. Pensar que alguém que foi parte do processo vá de repente resolvê-lo me parece um pouco mais difícil", questionou.
Está previsto que as consultas na OMC terminem na próxima terça-feira e que neste mesmo dia as delegações do Brasil e do México sejam comunicadas do resultado.