Maduro: Falcon alegou que o presidente reeleito foi favorecido pela compra de votos (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
EFE
Publicado em 30 de maio de 2018 às 15h58.
Caracas - O ex-candidato à presidência da Venezuela Henri Falcón apresentou nesta quarta-feira ao Tribunal Superior de Justiça (TSJ) do país um recurso para impugnar as eleições de 20 de maio, nas quais foi reeleito Nicolás Maduro como chefe de Estado com mais de 6 milhões de votos e com uma abstenção de 53,98%.
"Os elementos que hoje apresentamos no máximo tribunal da república (...) demonstram de alguma maneira que o processo eleitoral é inválido", disse Falcón aos jornalistas na sede do TSJ, onde também garantiu que o recurso está acompanhado de 34 mil atas, os cronogramas e os acordos assinados para o pleito.
O ex-candidato indicou que o documento expõe uma série de irregularidades, que o governo teria cometido durante o processo eleitoral e destacou entre elas o uso "desmedido dos bens do Estado" por parte do presidente Nicolás Maduro, oferecendo "pagamentos por votos" algo que, segundo Falcón, "praticamente sugere uma compra de consciência".
O ex-candidato, que ficou em segundo lugar com 1.917.036 votos, também ressaltou que houve "pressão" sobre funcionários para que aceitassem oferecer ajuda a pessoas com limitações físicas na hora de depositar o voto, e mencionou a presença de "milhares" de militantes chavistas próximos e até mesmo no interior das seções eleitorais.
Além disso, no dia das eleições houve "convocações abertas para votar" às 20h locais, um horário em que, segundo Falcón, as seções de votação já deveriam estar fechadas, pois a legislação eleitoral estabelece que as mesmas só poderão estar abertas depois das 18h locais se houver pessoas na fila para votar.
"O alcance desta impugnação deve ser de ordem geral, o alcance deve ser a convocação para novas eleições na Venezuela. (...) Essas eleições não existiram, devem ser declaradas nulas pelos vícios, mas também pelos crimes cometidos em pleno processo", afirmou Falcón.
O ex-governador do estado de Lara também disse que comparecerá a todas as instâncias, incluindo as internacionais, para denunciar todas essas irregularidades.
"Na semana que vem iniciamos um giro nacional e vamos iniciar outro internacional, vamos fazer as mesmas denúncias aos órgãos internacionais e vamos continuar criando essa consciência necessária no povo", disse o ex-candidato, que também indicou que "é necessário recorrer e esgotar todas as vias".