O embaixador Roberto Azevêdo: "a agricultura é sempre produtiva em nosso país e a China tem muita demanda por alimentos devido a sua grande população", disse (Marcello Casal Jr./ABr)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 08h34.
Pequim - O candidato brasileiro para a Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, reuniu-se durante sua visita à China com o novo ministro do Comércio local, Gao Hucheng, e disse acreditar que o comércio bilateral entre ambas as nações aumentará em um ritmo estável, informou nesta quinta-feira o jornal "China Daily".
Azevedo, que é o representante permanente do Brasil na OMC desde 2008, afirmou além disso que existem muitos fatores que afetam o comércio com a China, como o por exemplo o preço das matérias-primas, que influencia no volume de troca.
"Durante um tempo, os preços das matérias-primas aumentaram rápido, mas agora estão estáveis ou decrescendo, portanto o ajuste destes tem impacto nos números do comércio", comentou o diplomata.
Azevêdo lembrou também que nos últimos anos os países Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) aumentaram sua participação nos organismos multilaterais, não só em relação ao comércio, mas também nas organizações internacionais.
"Para expandir sua presença, eles devem continuar intercambiando pontos de vista e impulsionando a coordenação em áreas de interesses comuns", acrescentou.
A China é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil, que por sua vez é o quinto parceiro comercial do país asiático. Em 2012, o volume de troca entre ambas as nações cresceu 1,8% anualizado, até US$ 85,72 bilhões, embora a porcentagem de crescimento foi 33,2% menor do que em 2011, segundo números oficiais chinesas.
Além disso, a China é o maior investidor estrangeiro em terras brasileiras, com projetos em setores como matérias-primas, agricultura e a indústria automobilística.
Produtos como minério de ferro, petróleo, aço e soja representam cerca de 80% das exportações brasileiras para China, enquanto o país asiático exporta ao Brasil automóveis, roupa e outros produtos manufaturados.
"A agricultura é sempre produtiva em nosso país e a China tem muita demanda por alimentos devido a sua grande população. Portanto ambas as nações se complementam de maneira natural neste âmbito", comentou Azevêdo.
O diplomata lembrou que o Brasil e o gigante asiático participaram ativamente do mecanismo de resolução de disputas da OMC.
"Quanto maior for a interação comercial entre ambas as nações, maior será o potencial para resolver os desacordos futuros entre estas", comentou.
Azevedo, embaixador de carreira no Ministério das Relações Exteriores, espera suceder o francês Pascal Lamy na direção geral da Organização Mundial do Comércio para o período 2013-2017.
Outros dois candidatos latino-americanos visitaram recentemente a China: o economista mexicano Herminio Blanco, que foi o principal negociador do México para o Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (NAFTA), e a ministra de Comércio Exterior da Costa Rica, Anabel González.