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Cancún, paradigma e vítima de mudanças climáticas

Cidade mexicana é lar de uma grande rede de complexos hoteleiros, criticados por sua invasão a espaços naturais

La Isla, zona hoteleira de Cancún: cidade é ameaçada por tempestades e furacões (Mauro I. Barea G./Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

La Isla, zona hoteleira de Cancún: cidade é ameaçada por tempestades e furacões (Mauro I. Barea G./Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2010 às 08h44.

Cancún - Cancún, a pérola do Caribe mexicano, que recebe até 10 de dezembro a Conferência da ONU sobre Mudança Climática, é paradigma dos efeitos do aquecimento global e vítima de terríveis furacões que afetaram suas praias e danificaram seus recifes de corais e mangues.

Após ter sido fundada há quatro décadas, entre o mar e a lagoa, Cancún é hoje uma cidade cheia de complexos hoteleiros, questionados por invadir espaços naturais.

Suas praias de areia branca e cor turquesa convenceram as autoridades mexicanas que, em 1968, decidiram criar no local um novo destino turístico que concorresse com Acapulco, no Pacífico.

Cancún está a cada dia mais ameaçado por tempestades tropicais e furacões que se formam com o calor de suas águas.

No entanto, dois furacões foram especialmente destruidores para a cidade: "Gilberto", que em 1988 e com ventos de quase 300 km/h castigou a cidade, e "Wilma", em 2005.

Este último, que chegou a categoria 5 na escala Saffir Simpson, permaneceu estacionado durante 70 horas sobre a cidade, que ficou arrasada, e provocou o fechamento de dezenas de estabelecimentos hoteleiros.

"Se 'Gilberto' levou 20 dos 60 metros de praia de Cancún, 'Wilma' levou o resto", explicou à Agência Efe o especialista e ex-diretor do Fundo Nacional do Fomento ao Turismo (Fonatur), Sigfrido Paz.

Após a passagem de "Wilma", o Governo organizou as tarefas de reconstrução com a reposição de mais de 5 milhões de metros cúbicos de areia.

O ex-diretor do Fonatur considerou que parte da culpa do desaparecimento destas áreas de praia é dos complexos hoteleiros que foram construídos sobre as dunas, em vez de atrás delas.

As duas grandes barreiras de corais de Cancún, Punta Nizuc e Punta Cancún, também ficaram seriamente danificadas por estes furacões.

Paz alertou, além disso, que estas barreiras se encontram em um sério risco pela ação do chamado Peixe Leão, que contamina o coral até sua morte.

Apesar dos prejuízos que a mudança climática causou em Cancún, o especialista considera que outros lugares do México estão sendo mais afetados pelo aquecimento do planeta, como os estados de Tabasco e Veracruz, que este ano sofreram graves inundações pelas fortes chuvas.

A cidade turística recebe mais de 25 mil visitantes que participam da 16ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, onde pretendem adotar medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, causadores do aquecimento global.

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