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Cameron pede tolerância após assassinato de deputada

A campanha do referendo estava cada vez mais tensa e nesta sexta-feira os pedidos por moderação foram multiplicados


	David Cameron: a campanha do referendo estava cada vez mais tensa e nesta sexta-feira os pedidos por moderação foram multiplicados
 (Toru Hanai / Reuters)

David Cameron: a campanha do referendo estava cada vez mais tensa e nesta sexta-feira os pedidos por moderação foram multiplicados (Toru Hanai / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2016 às 12h24.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um apelo nesta sexta-feira à tolerância, após o assassinato da deputada Jo Cox, crime que provocou uma trégua na tensa campanha do referendo sobre a permanência na União Europeia.

""Onde vemos ódio, onde vemos divisões, onde vemos intolerância, temos que erradicá-los", afirmou Cameron, ao depositar flores em homenagem a Jo Cox em Birstall, onde na quinta-feira a deputada foi assassinadas a tiros e facadas por um homem cujas motivações ainda não foram esclarecidas.

Cameron, ao lado do líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, e do presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, recordou que "a tolerância é a base" da democracia britânica.

Corbyn anunciou que o Parlamento se reunirá na segunda-feira em memória de Cox, interrompendo o recesso obrigatório pelo referendo sobre a UE, marcado para 23 de junho.

A campanha do referendo estava cada vez mais tensa e nesta sexta-feira os pedidos por moderação foram multiplicados.

"Duas crianças perderam a mãe, um marido perdeu sua querida esposa e o Parlamento uma de suas defensoras mais brilhantes e apaixonadas", disse o premier sobre a deputada de 41 anos, que Cameron conheceu em Darfur em 2006, quando ela era uma ativista da organização Oxfam.

"Nosso país está comovido com toda razão e acredito que é o momento de dar um passo atrás e pensar nas coisas que valorizamos em nosso país", disse Cameron.

"Temos paz, temos estabilidade, temos um certo nível de bem-estar econômico (...) temos democracia nestas ilhas. E a tolerância é a base de tudo".

Corbyn afirmou que o assassinato de Jo Cox foi "um ataque à democracia".

Uma sombra sobre o Brexit

Os primeiros indícios de que o assassinato da deputada britânica Jo Cox pode prejudicar o 'Brexit' foram registrados nesta sexta-feira, com a valorização da libra e as primeiras acusações de que os defensores da saída da Grã-Bretanha da UE contaminaram o ambiente com sua campanha.

As homenagens a Cox são intensas nesta sexta-feira. Em Birstall, no condado de Yorkshire (norte da Inglaterra), local do crime, a estátua do teólogo Joseph Priestley, figura marcante da região, amanheceu repleta de flores para homenagear a deputada.

Muitas pessoas não conseguiram conter as lágrimas ao pensar na morte de Jo, uma política de apenas 41 anos, mãe de dois filhos pequenos.

A polícia britânica informou que Cox havia recebido ameaças de um homem que não era Thomas Mair, que foi detido por sua morte.

"Os agentes receberam informações da deputada Jo Cox sobre comunicações mal-intencionadas. Em março de 2016 um homem foi detido", disse uma fonte policial.

"Não é o homem detido no condado de West Yorkshire", completou, a respeito da região do norte da Inglaterra, local do crime.

Libra e bolsas em alta

A campanha do referendo de 23 de junho foi suspensa em sinal de luto e provavelmente será retomada apenas na próxima semana, mas o assassinato de uma defensora da União Europeia (UE), dos refugiados e dos imigrantes, por um homem que gritou "Grã Bretanha primeiro", tem um grande peso no debate.

As bolsas e a libra esterlina abriram em alta nesta sexta-feira, após vários dias de queda, pela percepção de que o assassinato pode frear em definitivo o avanço dos partidários do 'Brexit', como é chamada a possibilidade de saída britânica da UE.

"É evidente que a recuperação se atribui completamente à ideia de que a tragédia de ontem aumenta as possibilidades de que a opção de permanecer na UE vença o referendo da próxima semana", disse Ray Atrill, codiretor de estratégia no mercado de divisas do National Australia Bank.

Ao mesmo tempo, os bancos centrais da Europa, Estados Unidos e Japão examinam a possibilidade de uma ação coordenada de injeção de liquidez em dólares em caso de Brexit, afirma o jornal econômico japonês Nikkei.

Na quinta-feira, pouco antes do assassinato, Nigel Farage, o político britânico mais antieuropeu, apresentou um polêmico cartaz que mostrava uma longa procissão de refugiados como uma ameaça ao Reino Unido, com a frase "Breaking point", o "Ponto de ruptura".

A charge da edição desta sexta-feira do jornal The Guardian mostra Farage diante do cartaz, mas com outra frase: "Ponto de ódio".

"Temos que refletir sobre como vamos fazer a última semana de campanha", disse à BBC Stephen Kinnock, deputado trabalhista, que dividia o gabinete com Jo Cox na Câmara dos Comuns.

Kinnock pediu às pessoas que reconsiderem "a ideia de que os políticos são alvos".

A chanceler alemã Angela Merkel seu uniu aos apelos.

"É um ato horrível, eu acredito que a lição que deve ficar é que temos que mostrar respeito inclusive se temos opiniões políticas diferentes", disse.

Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, advertiu que se o Reino Unido sair da UE será "para sempre".

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