David Cameron: ''Há trinta anos, a população das ilhas Falklands (Malvinas) sofreu um ato de agressão que buscava tirar sua liberdade e seu estilo de vida'' (Mark Richards/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2012 às 18h45.
Londres - No 30º aniversário do início da Guerra das Malvinas, o Reino Unido enviou nesta segunda-feira uma mensagem conciliadora à Argentina, embora sem ceder na disputa sobre as ilhas, à qual mandará em breve um navio militar.
Em meio ao crescente clima de tensão entre Buenos Aires e Londres na disputa pela soberania das Malvinas, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, fez hoje uma declaração na qual, de forma significativa, homenageou não só os britânicos mortos no combate, mas também os argentinos.
''Hoje é um dia de comemoração e reflexão. Um dia para lembrar todos os que perderam a vida no conflito: os membros de nossas forças armadas (255) e também os argentinos (650) que morreram'', disse o chefe de governo.
No entanto, Cameron não se afastou de seu firme compromisso de defender as ilhas, ao insistir que deve ser respeitada a autodeterminação dos malvinenses, que querem seguir sob soberania britânica, apesar da reivindicação territorial argentina.
Em um gesto de clara advertência à Argentina sobre a seriedade desse compromisso, o Ministério britânico de Defesa informou hoje que na próxima quarta-feira embarcará rumo ao Atlântico Sul o destróier ''HMS Dauntless'', um dos navios de guerra mais modernos da Marinha britânica.
Este envio já foi anunciado por Londres no dia 31 de janeiro, causando a indignação da Argentina, mas até hoje não havia sido anunciada a data de embarque.
''Há trinta anos, a população das ilhas Falklands (Malvinas) sofreu um ato de agressão que buscava tirar sua liberdade e seu estilo de vida'', indicou o primeiro-ministro.
O Reino Unido, disse, ''continua comprometido incondicionalmente com defender'' o direito dos habitantes das ilhas a escolher seu futuro.
''Esse foi o princípio fundamental que estava em jogo há 30 anos e esse é o princípio que hoje reafirmamos'', acrescentou.
Como parte das comemorações, ex-combatentes assistiram hoje a uma missa no National Memorial Arboretum de Staffordshire, no centro da Inglaterra, um monumento com grandes jardins que lembra os mortos nas guerras britânicas.
Para os malvinenses, ''hoje não é um dia de celebração'', mas o começo de um período de reflexão que terminará em 14 de junho, a data do aniversário do fim da guerra e a de sua ''libertação'', afirmou à Agência Efe a representante das Malvinas em Londres, Sukey Cameron.
Este aniversário serve para ''refletir sobre o muito que avançamos desde então. O bom é que as ilhas estão desenvolvidas e mudaram desde 1982'', acrescentou Cameron.
O aniversário é precedido de um aumento da tensão anglo-argentina, depois que Buenos Aires intensificou em escala internacional sua reivindicação da soberania das ilhas.
Neste sentido, o secretário de Estado para a América Latina do Ministério britânico de Relações Exteriores, Jeremy Browne, explicou hoje que não visitou ainda a Argentina pela atitude de ''confronto'' escolhida pelo governo de Buenos Aires na disputa pelas Malvinas.
Nos últimos meses, Buenos Aires acusou Londres de militarizar o conflito ao anunciar o envio às ilhas do ''Dauntless'' e pela recente presença do príncipe William, segundo na linha de sucessão ao trono britânico, para cumprir uma instrução militar.
O conflito bélico de 1982, no qual morreram 255 militares britânicos e 650 argentinos, começou quando a junta militar argentina ocupou as ilhas em 2 de abril e terminou com a vitória do Reino Unido em 14 de junho.