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Câmara da Argentina aprova Lei da Ficha Limpa e Cristina Kirchner pode ficar inelegível

Com maioria na Câmara, presidente Javier Milei vê possível inelegibilidade de Cristina Kirchner, mas a nova lei precisa ser ratificada pelo Senado

Vincenzo Calcopietro
Vincenzo Calcopietro

Redator na Exame

Publicado em 13 de fevereiro de 2025 às 08h25.

Última atualização em 13 de fevereiro de 2025 às 08h25.

Nesta quarta-feira, 12, o presidente da Argentina, Javier Milei, conseguiu formar uma maioria entre os deputados do país e aprovou a Lei da Ficha Limpa, que visa impedir que pessoas condenadas por corrupção em segunda instância se candidatem a cargos públicos. A medida tem como principal alvo a ex-presidente Cristina Kirchner.

Contudo, a proposta ainda precisa passar pelo Senado argentino, onde enfrenta uma forte oposição e pode ser barrada.

A Lei da Ficha Limpa foi inicialmente proposta durante o governo de Mauricio Macri, antecessor de Milei. Ela sugere mudanças na Lei Orgânica de Partidos Políticos, proibindo a candidatura de quem tenha cometido crimes contra a administração pública. Além disso, a condenação precisa ter ocorrido pelo menos 180 dias antes das eleições.

As eleições argentinas estão marcadas para outubro deste ano, quando o povo irá às urnas para eleger metade dos deputados e um terço dos senadores. Cristina Kirchner segue ativa na política e é presidente do Partido Justicialista (PJ), com uma provável candidatura em vista.

A lista de candidatos será oficializada durante as primárias, que ocorrerão dois meses antes da eleição. No entanto, a realização das primárias ainda é incerta, visto que o governo Milei propôs a extinção do processo, com o Senado sendo responsável por aprovar a medida.

A condenação de Cristina Kirchner

Cristina Kirchner exerceu a presidência da Argentina entre 2007 e 2015 e foi vice-presidente de 2019 a 2023, quando passou o governo para Milei.

Em 6 de dezembro de 2022, o Tribunal de Primeira Instância condenou Kirchner por administração fraudulenta em detrimento da administração pública, como parte da operação Vialidad. O esquema envolvia desvio de recursos e favorecimento ao empresário Lázaro Báez.

Em novembro do ano passado, quatro réus foram absolvidos, e oito, incluindo Kirchner, foram condenados em segunda instância. A pena foi fixada em seis anos de prisão, além de inabilitação perpétua para cargos públicos. Contudo, como Kirchner tem mais de 70 anos, entrou com um recurso para cumprir a pena em casa, e até o momento a sentença não foi aplicada.

Aprovacão no Senado

Apesar de ter sido aprovada pela Câmara dos Deputados, a Lei da Ficha Limpa ainda depende da validação pelo Senado, que possui 72 senadores, dos quais 33 pertencem à União pela Pátria, partido peronista que se opõe a Milei. Para que a proposta seja aprovada, são necessários 37 votos a favor, uma maioria absoluta. Caso o bloco opositor não consiga atingir esse número, ainda poderá articular 4 votos adicionais para barrar a medida, com o cenário podendo mudar após as eleições de outubro.

Repercussão internacional

Embora ainda não tenha sido sancionada, a Lei da Ficha Limpa pode ajudar a melhorar a imagem da Argentina no cenário internacional.

O Índice de Percepção de Corrupção de 2024, publicado pela ONG Transparência Internacional, revela que a Argentina caiu uma posição no ranking global, ocupando agora a 99ª colocação, ao lado de países como Etiópia, Lesoto, Indonésia e Marrocos, todos com 37 pontos. A classificação é feita com base em 180 países e as notas variam de 0 a 100, sendo que quanto mais alta a pontuação, melhor a colocação. A Dinamarca ocupa o primeiro lugar com 90 pontos.

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