Avião da companhia China Eastern Airlines com 132 pessoas a bordo caiu na semana passada. (Hector RETAMAL/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de março de 2022 às 16h38.
Última atualização em 23 de março de 2022 às 16h43.
As autoridades da Aviação Civil da China anunciaram, nesta quarta-feira, 23, a descoberta de uma caixa-preta do Boeing 737-800 que caiu na segunda com 132 pessoas a bordo devido a causas ainda desconhecidas.
O avião da China Eastern Airlines se desintegrou em uma encosta florestal de Wuzhou, no sul do país, enquanto voava de Kunming em direção a Guangzhou. Até agora não foram encontrados sobreviventes do voo MU5735 e há poucas esperanças, uma vez que o avião caiu em direção vertical e logo se incendiou.
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"Uma caixa-preta do [voo] da China Eastern MU5735 foi encontrada em 23 de março", indicou à imprensa Liu Lusong, um porta-voz da Aviação Civil (CAAC).
Um avião de passageiros possui dois registradores de voo, também chamados caixas-pretas, um que grava as conversas na cabine e outro com informações como a velocidade, a altitude e a direção do avião. A CAAC acredita ter encontrado a que registra a voz, mas bastante danificada. O material já foi enviado a Pequim para análise.
Centenas de bombeiros, militares, médicos e voluntários seguem mobilizados para encontrar rastros dos passageiros e de seus itens pessoais, assim como a segunda caixa-preta.
A televisão pública CCTV divulgou imagens de pessoas com jaquetas com a sigla "CAAC" colocando a caixa-preta, um cilindro de metal de cor laranja dentro de uma bolsa de plástico.
Jornalistas da AFP viram um pequeno grupo de pessoas, acompanhadas por funcionários locais, cruzando um controle na rodovia a poucos quilômetros do lugar do acidente, onde, nesta quarta, caía um temporal. Um homem disse aos jornalistas que era parente de uma vítima e pediu que os jornalistas não ficassem aglomerados ao seu redor.
A busca foi suspensa devido às fortes chuvas, que deixaram o local cheio de barro e de difícil acesso para o grupo de resgate. "É possível que haja pequenos desmoronamentos", disse um repórter da televisão estatal CCTV, que afirmou que ainda podia sentir cheiro de "querosene" no lugar, mesmo após dois dias da catástrofe.
"Há uma enorme poça de água onde o avião caiu. A água se acumulou ali e, com certeza, serão necessárias obras de drenagem', explicou.
A rede CCTV emitiu imagens dos restos brancos do avião, manchados pela terra marrom escuro, assim como de carteiras, documentos de identidade, roupa ou câmeras fotográficas.
A possível confirmação da morte dos 123 passageiros e dos nove membros da tripulação o converterá no pior acidente aéreo desde 1994 na China, onde a segurança aérea é considerada muito boa pelos especialistas. Segundo a CAAC, todas as pessoas a bordo eram chinesas.
Até o momento, os motivos do acidente são desconhecidos. Segundo os dados do site especializado Flightradar, o avião se inclinou bruscamente em direção ao solo antes de cair, um comportamento raro, segundo os especialistas.
"Quando o controlador aéreo se deu conta da brusca queda de altura do avião, se pôs imediatamente em contato com a tripulação, várias vezes, mas não obteve resposta", disse, na terça-feira, Zhu Tao, diretor de segurança aérea da CAAC.
Segundo Mao Yanfeg, diretor do departamento de investigação de acidentes da CAAC, durante o voo "o clima não apresentava riscos".
Também não há suspeitas sobre o comportamento do piloto e de seus dois copilotos, que acumulavam 6.709, 31.769 e 556 horas de voo, respectivamente, disse, nesta quarta, Sun Shiying, diretor da China Eastern. "Com base nos primeiros elementos que temos, as avaliações de serviço desses pilotos eram muito boas e suas situações familiares eram harmoniosas", acrescentou.
O avião estava em uso desde 2015.