Na véspera do centenário do pai da Coreia do Norte, a TV estatal do país, 'KCTV', transmitiu ao vivo o grande evento (AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de abril de 2012 às 11h48.
Seul - A Coreia do Norte deu prosseguimento neste sábado, com demonstrações de lealdade aos seus líderes, as celebrações pelo centenário do nascimento de seu fundador, Kim Il-sung, a sombra do fracasso no lançamento do satélite e a severa condenação internacional por causa dessa iniciativa.
Milhares de pessoas se reuniram neste sábado no estádio Kim Il-sung de Pyongyang em ato presidido por Kim Jong-un, consolidado como líder supremo do país após assumir na sexta-feira o comando da Comissão Nacional de Defesa, principal órgão do Estado norte-coreano.
Na véspera do centenário do pai da Coreia do Norte, a TV estatal do país, 'KCTV', transmitiu ao vivo o grande evento, com direito a efusivos aplausos ao jovem sucessor, foco de todos os olhares e atenções.
Antes, a 'KCTV' repassou os atos comemorativos da semana no hermético país comunista, de reuniões políticas e bailes regionais em escolas até oferendas florais aos líderes. A programação inclui ainda filmes-documentários e canções de louvor à dinastia Kim, onipresente no único canal disponível no país.
A agência estatal 'KCNA', porta-voz do regime, divulgou que Kim Jong-um coordenou a 1ª promoção em massa desde que assumiu o controle do país após a morte de seu pai, Kim Jong-il, em dezembro, após 17 anos no poder.
O jovem, cuja idade se estima esteja entre 28 e 29 anos, atribuiu dezenas de novos cargos estatais na 5ª sessão da 12ª Assembleia Nacional Suprema (Parlamento) da Coreia do Norte, ocorrida ontem na semana de celebrações pelo aniversário de seu fundador.
A sessão parlamentar serviu para, entre outros assuntos, concretizar a cota do orçamento nacional de 2012 destinada à defesa, que alcançará 15,8%, apesar da forte crise alimentar que arrasta há anos o país.
Na Assembleia também foi modificado o prefácio, nove artigos e uma seção da Constituição norte-coreana para refletir as conquistas do falecido Kim Jong-il, nomeá-lo 'presidente eterno' da Comissão Nacional de Defesa e criar o cargo de 'primeiro presidente' da mesma, que ocupa desde ontem Kim Jong-un.
O enaltecimento do falecido líder e a promoção de seu sucessor pela máquina de propaganda do regime concretizou-se, além disso, no anúncio de que o Estado começou a fornecer uniformes escolares novos a todos os estudantes dos ensinos Fundamental, Médio e Superior.
Desta forma, em uma semana crucial para seu futuro, a Coreia do Norte tenta transparecer normalidade em sua agenda para celebrar neste sábado a data mais importante de sua história recente, apesar do duro revés que ontem representou o fracasso ao tentar colocar em órbita um satélite por meio de um foguete.
O artefato explicou poucos minutos após o lançamento no início da manhã e desintegrou-se em 20 fragmentos, caindo em águas do Mar Amarelo a mais de 100 quilômetros do litoral oeste sul-coreano.
A Coreia do Norte, que acumulava duas tentativas frustradas de colocar satélites em órbita em 1998 e 2009, nesta ocasião reconheceu pela primeira vez seu fracasso em breve comunicado do escritório da 'KCTV' emitido 4h depois do lançamento.
Além deste duro golpe moral, Pyongyang terá de enfrentar agora a condenação da comunidade internacional, depois de que vários países, entre eles os EUA e a Coreia do Sul, qualificassem a ação como uma 'provocação' ao considerar que o lançamento encobre um teste de projétil balístico.
Em uma primeira resposta, os EUA cancelaram unilateralmente o acordo assinado em fevereiro com a Coreia do Norte, pelo qual se comprometiam em fornecer 240 mil toneladas de ajuda alimentícia ao país comunista em troca da renúncia deste seu programa nuclear e de mísseis de longo alcance.
Por sua vez, o Conselho de Segurança da ONU, em linha com esta postura, 'deplorou' por unanimidade o lançamento que, considera, viola duas de suas resoluções, ambas redigidas expressamente para tentar frear as ambições nuclear e armamentista da Coreia do Norte. EFE
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