Escola transformada em centro de quarentena de onde fugiram 17 pacientes, em Monróvia (Zoom Dosso/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de agosto de 2014 às 15h17.
Monróvia - Os 17 doentes de <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/ebola">ebola</a></strong> que, no fim de semana, escaparam de um centro de isolamento invadido e atacado em Monróvia, capital da <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/liberia">Libéria</a></strong>, continuavam sendo procurados nesta segunda-feira, o que aumenta a preocupação no país mais afetado pela epidemia.</p>
Com 413 vítimas de um total de 1.145 mortos, segundo o balanço mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Libéria é o país com mais falecidos por esta febre hemorrágica altamente contagiosa, à frente da Guiné (380), Serra Leoa (348) e Nigéria (4).
As autoridades do setor de saúde informaram que 17 pacientes com diagnóstico positivo para o ebola fugiram de um centro de isolamento instalado em uma escola de West Point, na periferia da capital Monróvia, depois que o local foi atacado na madrugada de domingo por homens armados com cassetetes e facas.
"Até esta manhã seguíamos buscando estes 17 doentes que fugiram do campo, mas ainda não os encontramos", declarou à AFP o ministro da Informação, Lewis Brown.
"O pior é que os que saquearam o centro pegaram colchões e toalhas manchadas de fluidos dos corpos dos doentes. Nos arriscamos a ficar em uma situação difícil de controlar", declarou Brown, que sugeriu a possibilidade de colocar em quarentena o bairro de West Point, de 75.000 habitantes, como já aconteceu em três províncias do norte do país.
"Provavelmente todos esses bandidos que saquearam o centro portam agora o vírus do ebola. Uma solução poderia ser colocar o bairro em quarentena", disse.
O pai de Michel Boima, um dos doentes do centro de isolamento, declarou que não tem notícias do filho desde ataque.
"Tenho medo de que morra em qualquer lugar sem que eu saiba", disse Fallah Boima, entrevistado por telefone.
O presidente dos jovens de West Point, Wilmont Johnson, declarou nesta segunda-feira aos jornalistas que mobilizou uma equipe de buscas no bairro, que não encontrou nenhum rastro dos 17 desaparecidos.
"Procuramos no bairro por toda parte, mas foi em vão. Os que o viram passar dizem que foram para outros bairros", disse Johnson.
Não acreditamos em ebola
Segundo várias testemunhas, os criminosos gritavam palavras hostis à presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, e diziam que não há ebola no país.
"Nós falamos para que não instalassem o acampamento aqui. Não nos escutaram. Não acreditam nisto de ebola", disse à AFP um jovem que mora na região.
Em Caldwell, na província de Monróvia, os habitantes atribuem a propagação do vírus ao desleixo do governo e denunciam a lentidão na retirada dos corpos.
"Afirmamos várias vezes ao governo que enfrentava este problema de forma totalmente equivocada", disse Sheikh Idrissa Swaray, pai de um suspeito de ter a doença, que só teve o corpo retirado três dias depois da morte, o que provocou a fuga da esposa.
"Com os atrasos, os parentes, que vivem nesta casa, estejam contaminados ou não, fogem e seguem para outros bairros para contaminar outras pessoas", disse.
Em Guiné, onde a epidemia começou no início do ano, o médico Sakoba Kéita, que coordena a luta contra a doença no ministério da Saúde, revelou a "grande preocupação por parte da prefeitura de Macenta (sul) com a chegada de uma onda de enfermos procedentes da vizinha Libéria".
Burkina Faso, que não registrou nenhum caso de ebola, anunciou o adiamento de uma reunião extraordinária da União Africana prevista para os dias 2 a 7 de setembro devido ao desafio representado pelo vírus.
Na Europa, a agência da UE para a administração das fronteiras, Frontex, anunciou a suspensão dos voos de repatriação de imigrantes irregulares à Nigéria.