Trabalho de resgate é feito com helicóptero nesta sexta-feira, quando os trabalhos foram retomados após interrupção nos dois dias anteriores (Vincenzo Pinto/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2012 às 10h53.
Ilha de Giglio - O "Costa Concordia", que encalhou na pequena ilha italiana de Giglio e permanece em parte submerso, se moveu nesta sexta-feira, obrigando os socorristas a suspenderem as buscas, anunciou na manhã desta sexta-feira um porta-voz da Marinha italiana, Alessandro Busonero.
"Há instabilidade no barco, e por isso os socorristas não puderam descer", explicou Busonero à AFP.
Onze pessoas morreram no naufrágio de sexta-feira passada, e cerca de 20 permanecem desaparecidas. As buscas estiveram interrompidas durante quase toda a quarta-feira e foram retomadas na quinta-feira.
No total, 24 pessoas - das quais três aparecem sem dúvida entre os corpos não identificados - permanecem desaparecidas há quase seis dias. Tratam-se de 12 alemães, cinco italianos, dois franceses, dois americanos e três membros da tripulação: um italiano, um peruano e um indiano.
As buscas foram retomadas na quinta-feira, apesar de um mar agitado.
As perigosas imersões dos mergulhadores no navio foram dificultadas na quinta-feira pelo vento e pelas ondas que atingem a ilha e colocam em perigo a estabilidade do navio, que corre o risco de deslizar em direção a um precipício de cerca de 70 metros.
Mas a situação meteorológica se agravou nesta sexta-feira com um vento de 40 a 50 km/h e ondas anunciadas de um metro e meio.
O bombeamento do combustível do navio (2.380 toneladas) tampouco pôde começar, apesar dos riscos de maré negra na ilha, uma reserva natural de grande valor ecológico.
Esta operação poder durar algumas semanas e é muito complicada, já que é preciso aquecer o combustível para que ele se torne mais líquido.
Quando se chocou contra uma rocha, a 300 metros da ilha, na sexta-feira, os tanques de combustível do "Costa Concordia" estavam quase cheios.
A ira dos familiares aumentou na quinta-feira, depois que o peruano Saturnino Soria, pai da jovem desaparecida Erika, pediu publicamente às autoridades italianas que o comandante do navio, Francesco Schettino, "não fique impune pelo que fez".
A libertação do controverso comandante do navio, acusado de ser o principal responsável pela tragédia e que se encontra em prisão domiciliar em sua residência de Meta de Sorrento, perto de Nápoles, gerou irritação entre os parentes das vítimas que esperam notícias na ilha de Giglio, onde ocorreu a tragédia.
Acusado de homicídio múltiplo, abandono de navio e naufrágio, acusações que podem significar uma sentença de 12 anos de prisão, Schettino foi detido no sábado por ordem da promotoria por medo de que manipulasse as provas e pelo risco de fuga.
Segundo o presidente da empresa Costa Crociere, proprietária da embarcação, Pier Luigi Foschi, o capitão do Costa Concordia "não foi honesto" com os responsáveis em terra ao explicar a situação.
"Pessoalmente penso que não foi honesto. Não tenho elementos para dizer se estava lúcido. Penso que estava perturbado de um ponto de vista emocional", declarou em uma entrevista ao Corriere della Sera.
O Conselho de Ministros italiano deve adotar nesta sexta-feira medidas para regulamentar severamente a circulação de embarcações na costa.
Mais de 70 passageiros do Costa Concordia aderiram a uma ação coletiva contra as companhias preparada pela associação italiana de defesa dos consumidores, com o objetivo de obter para cada passageiro uma indenização de ao menos 10 mil euros.
Uma jovem bailarina moldava de 25 anos, Dominica Cermotan, defendeu o capitão Schettino e negou que estivesse bebendo na cobertura: "Fez tudo o que tinha que fazer para salvar as pessoas", assegurou.
A bailarina, Dominica Cemortan, não estava, segundo a imprensa italiana, registrada como turista nem como membro da tripulação.