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Brexit: do referendo de 2016 à reta final das negociações comerciais

O Reino Unido e a União Europeia anunciaram nesta quinta-feira, 24, que chegaram ao fim das negociações comerciais

Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia: líderes se encontraram para discutir o acordo em 9 de dezembro (Aaron Chown/WPA Pool/Getty Images)

Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia: líderes se encontraram para discutir o acordo em 9 de dezembro (Aaron Chown/WPA Pool/Getty Images)

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AFP

Publicado em 24 de dezembro de 2020 às 17h03.

Última atualização em 24 de dezembro de 2020 às 17h07.

O Reino Unido chegou a um acordo comercial do Brexit com a União Europeia nesta quinta-feira, 24, sete dias antes de deixar o bloco comercial.

O governo do Reino Unido emitiu um comunicado oficial no qual confirma o acordo. “Tudo o que foi prometido ao público britânico durante o referendo de 2016 e nas eleições do ano passado é entregue por este acordo”, diz a nota de Downing Street.

Relembre a jornada do Brexit, desde o referendo em 2016 até o acordo de último minuto com a União Europeia.

Voto a favor do Brexit

Em 23 de junho de 2016, os britânicos votaram a favor da saída britânica da União Europeia. No dia seguinte, o primeiro-ministro conservador David Cameron renuncia e é substituído por Theresa May, uma eurocética que, no entanto, votou contra o Brexit.

Em 29 de março de 2017, May ativa o artigo 50 do Tratado de Lisboa, dando início ao processo de saída, que deveria ser concluído em dois anos.

Buscando reforçar sua posição antes de iniciar as negociações com a UE, ela convoca eleições legislativas antecipadas e, em 8 de junho de 2017, perde sua maioria absoluta, ficando à mercê de um parlamento fragmentado.

Primeiro acordo e três rejeições

Após um ano e meio de árduas negociações, em 13 de novembro de 2018, Londres e Bruxelas chegam a um acordo de separação, aprovado em 25 de novembro em uma cúpula europeia extraordinária.

Porém, os parlamentares britânicos o rejeitam em três ocasiões: 15 de janeiro, 12 de março e 29 de março de 2019.

O Brexit é adiado até 22 de março e novamente até 31 de outubro. O Reino Unido se vê obrigado, fora do planejado, a participar das eleições europeias de 23 de maio. No dia seguinte, Theresa May anuncia que renunciará em 7 de junho.

Escolha de Boris Johnson

Em 23 de julho, Boris Johnson, a favor da realização do Brexit com ou sem acordo, mas na data prevista, é escolhido pelo Partido Conservador para suceder May.

As deserções e expulsões de deputados de sua formação o deixam sem maioria parlamentar. Vários ministros também o abandonam.

Em 17 de outubro, a UE e o Reino Unido anunciam ter chegado a um novo acordo de divórcio. Em 22 de outubro, o Parlamento britânico aprova o princípio desse texto, mas vota contra sua apreciação acelerada.

Isso força a solicitação de um novo adiamento, até 31 de janeiro de 2020, e para desbloquear a situação, Johnson convoca eleições legislativas antecipadas em 12 de dezembro.

Saída oficial da UE

O líder conservador vence as eleições com uma maioria de 365 deputados em uma câmara de 650.

Em 20 de dezembro, Johnson apresenta o projeto de lei à nova Câmara dos Comuns, que é aprovado em 9 de janeiro de 2020. Depois de ser promulgado pela rainha Elizabeth II, o texto é ratificado pelo Parlamento Europeu em 29 de janeiro.

Em 31 de janeiro, os britânicos deixam oficialmente a UE e entram em um período de transição até 31 de dezembro de 2020, com possibilidade de prorrogação, durante o qual continuam valendo as regras da UE.

Negociação comercial pós-Brexit

No começo de março, Londres e Bruxelas iniciam negociações sobre sua futura relação, com o objetivo de chegar a um acordo de livre comércio sem taxas ou tarifas.

Em junho, o Reino Unido formaliza sua recusa em prorrogar o período de transição.

Durante meses, as negociações esbarram em três pontos críticos: a recusa britânica em deixar suas ricas zonas de pesca abertas aos europeus, as regras de concorrência justa exigidas pelos europeus em troca de acesso ao seu mercado único e a maneira de resolver futuras divergências.

Em 15 de outubro, os 27 países exigem que Londres faça concessões para chegarem a um acordo comercial. Johnson declara que as negociações terminaram e convida os britânicos a se prepararem para uma ruptura brutal.

Após uma semana de impasse, os contatos são retomados de forma intensiva, com todos os prazos estabelecidos pelas duas partes já ultrapassados. Os dois lados dão sinais tímidos de uma certa aproximação antes de apontar obstáculos intransponíveis.

Johnson mantém vários contatos com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e viaja a Bruxelas para um jantar de trabalho em 9 de dezembro, no qual não conseguem abrir caminho para um acordo, mas optam por continuar as negociações.

Os direitos de pesca se tornam o último obstáculo nas negociações, até que o acordo se concretiza em 24 de dezembro, na véspera do Natal.

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