Mundo

Bretanha fecha acordo para regular imprensa

O acordo vai estabelecer um novo órgão regulador de imprensa, introduzir multas de até 1 milhão de libras e obrigar jornais a imprimir desculpas proeminentes quando apropriado


	Jornais: "Em nenhum lugar diz o que este órgão é, o que ele faz, o que ele não pode fazer, o que a imprensa pode e não pode fazer", declarou Cameron.
 (sxc.hu)

Jornais: "Em nenhum lugar diz o que este órgão é, o que ele faz, o que ele não pode fazer, o que a imprensa pode e não pode fazer", declarou Cameron. (sxc.hu)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Londres - Os três principais partidos políticos da Grã-Bretanha concordaram, nesta segunda-feira, em criar um novo sistema para regular os jornais do país sedentos por escândalos, depois de um inquérito público que expôs uma cultura de rastreamento telefônico e outros comportamentos antiéticos disseminados.

O acordo vai estabelecer um novo órgão regulador de imprensa, introduzir multas de até 1 milhão de libras (1,5 milhão de dólares) e obrigar jornais a imprimir desculpas proeminentes quando apropriado.

O sistema será voluntário, mas haverá fortes incentivos financeiros para encorajar os jornais a adotá-lo.

"O que temos hoje, que é uma coisa boa, é um acordo entre os partidos", disse um porta-voz do primeiro-ministro David Cameron, dizendo que o acordo foi fechado nesta segunda-feira.

"Vai colocar em prática um forte sistema de regulação independente da imprensa", acrescentou.

O governo ficou sob pressão para criar um novo sistema de regulamentação depois que um inquérito liderado por juízes e uma série de detenções revelaram uma cultura perturbadora de rastreamento de telefone e imperícia em algumas partes da imprensa.

A maneira que alguns tablóides relataram o desaparecimento e morte de duas crianças atraiu críticas particulares.

Mas as preocupações de que qualquer acordo colocaria em risco a liberdade de expressão adiaram um acordo, com alguns barões da imprensa ameaçando boicotar um novo regime regulatório e ativistas cobrando por uma regulamentação mais severa acusando Cameron de ser influenciado pela imprensa.


"Não é uma lei de imprensa"

Cameron disse que estava satisfeito com o resultado. "O que queríamos evitar, e o que temos evitado, é uma lei de imprensa", disse ele à BBC TV.

"Em nenhum lugar diz o que este órgão é, o que ele faz, o que ele não pode fazer, o que a imprensa pode e não pode fazer. Isso justamente foi mantido fora do Parlamento, para não ter embasamento legal nenhum, mas sim uma salvaguarda que diz que os políticos não podem no futuro brincar com este acordo." Ed Miliband, líder do Partido Trabalhista, de oposição, também disse que o compromisso atingiu o equilíbrio certo.

"Eu realmente acredito que defende a liberdade de imprensa e também satisfaz os termos que as vítimas de rastreamento (de telefone) estabeleceram", disse ele, acrescentando que o jornalismo investigativo não seria restringido pelo novo arranjo.

Outros ficaram menos felizes. O Index on Censorship, um grupo que faz campanha pelo discurso livre, disse que era um "dia triste para a liberdade de imprensa na Grã-Bretanha".

"O envolvimento de políticos fere o princípio fundamental de que a imprensa cobra os políticos", afirmou Kirsty Hughes, CEO do grupo. "Os políticos agora assumiram o papel de mestre de cerimônias e nossa democracia ficou manchada como resultado."

Acompanhe tudo sobre:EuropaJornaisLiberdade de imprensaPaíses ricosReino Unido

Mais de Mundo

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal