Criação de novas vagas de trabalho bate recorde nos EUA, mas especialista diz que taxa de desemprego ainda é preocupante (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Brasília - Em maio, foram criadas 431 mil novas vagas de emprego nos Estados Unidos, segundo os dados são do Departamento de Trabalho norte-americano. O relatório apresentado nesta sexta-feira (4) mostra que o governo foi o grande empregador, absorvendo 411 mil trabalhadores. O número é o maior registrado nos últimos dez anos.
Para o cientista político David Fleischer - americano naturalizado no Brasil - o resultado foi impulsionado por uma revisão nos parâmetros de regulação americanos. "Antes, os bancos eram autorregulados, o que ajudou estourar a crise. Agora, o governo americano tem adotado medidas de regulação", compara o professor da Universidade de Brasília (UnB).
Fleischer defendeu o Brasil como exemplo para os EUA. "O Banco Central brasileiro ainda deixa a desejar, mas não permite que os bancos privados façam o que bem entendem. Isso ajudou o país a se equilibrar durante as turbulências. Esse tipo de iniciativa foi inspiração para os EUA", avaliou.
A taxa de desemprego caiu de 9,9% em abril para 9,7% em maio, mas o professor alerta que o índice ainda é preocupante. Segundo ele, a cada mês existe uma fila maior de gente à procura de uma vaga de trabalho e os EUA precisam de um crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) muito maior do que o atual para atender a esta demanda. "Desde 2008 o PIB americano é negativo e só voltou a ser positivo este ano. Há muito a se fazer ainda para melhorar estes números".
De acordo com Fleischer, os dados apresentados pelo Departamento de Trabalho norte-americano têm dupla interpretação. "Quem está do lado de Obama, vai olhar para o recorde na criação de empregos; já os republicanos podem reclamar das altas taxas de desemprego", disse ele.
Crise na Europa
Apesar de catalisador da crise global, os EUA estão atingindo uma recuperação mais rápida do que a dos países da União Europeia. David Fleischer explica que isto ocorre por que os EUA, sendo uma federação única, conseguem concentrar esforços para sair da turbulência.
"A Europa foi contaminada pela crise americana, mas lá há um envolvimento muito maior do Estado na economia, por isso, os déficits públicos são muito altos", explica Fleischer. Segundo ele, o setor privado nos EUA tem conseguido, aos poucos, recuperar a economia norte-americana. "Já na Europa, quem paga o pato é o povo europeu", concluiu. Fleischer não acredita que os problemas da UE possam atingir o Brasil, já que "o país depende mesmo é de China e Estados Unidos".