das exportações. Guido Mantega: governo brasileiro adotou várias medidas para combater o problema e tentar conter o capital especulativo (Agencia Brasil)
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2011 às 12h42.
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, sugeriu ontem (15), em reunião do G20 (grupo das principais economias avançadas e em desenvolvimento, do qual o Brasil faz parte) em Washington, que todos os países adotem câmbio flutuante. A medida seria uma forma de combater o que Mantega chamou de "desalinhamentos" entre os sistemas cambiais dos países, que "dificultam o fluxo de capitais", e seria uma "solução de curto prazo" antes de uma reforma mais ampla do sistema monetário internacional.
"Hoje os países praticam sistemas cambiais distintos", disse Mantega, que participa na capital americana de encontro de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, realizado durante a reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.
"Você tem um pouco de tudo. Isso atrapalha o relacionamento comercial e financeiro dos países", afirmou. Segundo o ministro, fluxos de capitais excessivos nos países acabam impactando a inflação e também a questão das commmodities (produtos básicos com cotação internacional, que registram alta volatilidade nos preços). "A minha sugestão é uma homogeneização, de modo que todos adotassem o câmbio flutuante", afirmou.
Com a medida, acrescentou Mantega, o Brasil, que já adota o câmbio flutuante, teria de tomar menos medidas de controle de capitais. "Países que estão manipulando o câmbio deixariam de fazê-lo. E algumas moedas asiáticas terão de se ajustar."
De acordo com o ministro, a proposta foi bem recebida. Questionado sobre a reação da China, que recebe críticas de vários países por manter sua moeda, o yuan, artificialmente desvalorizada em relação ao dólar, Mantega disse que o país não se manifestou nem contra nem a favor. "Portanto, nós entendemos que (a sugestão) deve ser colocada dentro das propostas de reforma de política monetária."
Outra proposta apresentada por Mantega foi a adoção de "mais medidas prudenciais" para atenuar o excesso de liquidez registrado no Brasil e em muitos países emergentes, entre elas a regulação do mercado de derivativos. Segundo o ministro, essa seria uma forma de combater os impactos negativos da especulação no mercado de commodities. "Os grandes fluxos monetários, excessos de capitais, se devem a políticas monetárias expansionistas dos países avançados", disse Mantega.
"O problema é que esse crédito não está indo para a produção e para o investimento. Acaba indo para instituições financeiras que tentam obter lucros, não na atividade produtiva, mas na atividade especulativa", afirmou. "Vai para os mercados de derivativos, os mercados futuros. Para comprar commodities, e aí elevam-se os preços."
Entre as medidas de regulação que poderiam ajudar a combater o problema, Mantega cita o registro das operações, que daria mais transparência ao mercado e identificaria movimentos especulativos.
As altas taxas de juros no Brasil e em outros países emergentes, que apresentaram uma recuperação mais vigorosa após a crise econômica mundial, têm atraído um fluxo excessivo de capitais, que acabam valorizando as moedas locais e reduzindo a competitividade das exportações.
O governo brasileiro adotou várias medidas desde o ano passado para combater o problema e tentar conter o capital especulativo. Como já havia sido antecipado no texto do pronunciamento que fará hoje (16), o ministro reafirmou que o Brasil não vai aceitar estabelecer um marco normativo para que os países abordem o controle de capitais.
"Havia uma nova tendência dentro do FMI, depois de terem reconhecido a necessidade de países usarem controle de capitais, de que se fizesse um marco normativo para esse controle. Eu li como uma limitação", disse. "Nós precisamos é de um marco criativo, porque, dependendo da forma como vem o capital, de como ele entra, tem que usar determinada limitação."
Neste sábado, Mantega fará um discurso ao Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), órgão que tem o papel de assessorar do conselho de governadores do FMI e recomendar a adoção de políticas.