Bandeira do Brasil, exibida durante comemoração do Dia da Independência (Horacio Villalobos/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 18 de junho de 2024 às 08h02.
Pelo quinto ano seguido, o Brasil aparece entre as dez piores posições no ranking que mede o nível de competitividade das nações, produzido pelo Institute for Management Development (IMD), com sede na Suíça.
Na edição de 2024, divulgada nesta terça, 18, o país aparece em 62º lugar entre 67 países, uma queda de duas posições em relação a 2023.
Com isso, o país se aproxima dos últimos da lista, que são Venezuela (67º), a Argentina (66º) e Gana (65º). Nas piores posições, há um predomínio de países latino-americanos e africanos. Veja a lista completa mais abaixo.
O levantamento, que chega à 36ª edição, leva em consideração 336 indicadores econômicos dos países analisados, agrupados em quatro grupos. Neste ano, três países foram incluídos no estudo: Nigéria, Gana e Porto Rico.
“A competitividade de uma economia não se resume apenas ao PIB e à produtividade, visto que as empresas também têm que lidar com aspectos políticos, sociais e culturais. Os governos devem fornecer um ambiente favorável ao desenvolvimento e crescimento de negócios, com infraestruturas, instituições e políticas adequadas e eficientes que incentivem as empresas”, diz Hugo Tadeu, diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC) e líder da pesquisa no Brasil.
O topo do ranking é dominado por países asiáticos e europeus, com a liderança de Singapura, seguido por Suíça, Dinamarca, Irlanda, Hong Kong e Suécia.
1º Singapura
2º Suíça
3º Dinamarca
4º Irlanda
5º Hong Kong
6º Suécia
7º Emirados Árabes Unidos
8º Taiwan
9º Holanda
10º Noruega
58º Bulgária
59º Eslováquia
60º África do Sul
61º Mongólia
62º Brasil
63º Peru
64º Nigéria
65º Gana
66º Argentina
67º Venezuela
Entre os quatro principais fatores do levantamento, que traz uma análise comparativa das economias, o Brasil aparece com a pior posição no indicador de “eficiência governamental” (65º), puxado pelos resultados ruins em custo de capital e igualdade de oportunidades. Em “eficiência empresarial” (61º lugar), a dívida corporativa e a produtividade e qualidade da mão de obra pesam no resultado.
O indicador de “performance econômica” (38º) é o que o país tem o melhor desempenho, alavancado pelo crescimento na oferta de empregos e no PIB real per capita. Em “infraestrutura”, o Brasil aparece na 58ª posição, com gargalos em conhecimento e tecnologia.
O subfator em que o Brasil aparece mais bem posicionado nos indicadores avaliados é o de subsídios governamentais, em quarto lugar. O estudo aponta para a criação do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como fator que puxou esse indicador, com previsão de investir R$ 1,4 trilhão até 2026.
Em outros quatro indicadores, o país aparece bem posicionado, em quinto lugar: crescimento de longo prazo de emprego; crescimento do PIB real per capita; fluxo de investimento direto estrangeiro; e energias renováveis.
A Fundação Dom Cabral (FDC), parceira do IMD no ranking, avalia que a performance brasileira mostra fragilidades. Hugo Tadeu, diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da FDC e líder da pesquisa no Brasil, chama atenção para a melhora do país em subindicadores como PIB per capita e fluxo de investidores estrangeiros, que não foram “estruturais, mas circunstanciais”:
"Deveríamos escolher políticas educacionais para setores de interesse. Em três aspectos avaliados, o Brasil aparece como o pior entre as nações avaliadas: dívida corporativa; educação em gestão; e habilidades linguísticas (capacidade de escutar, falar, ler e escrever). Tadeu avalia que “falta para a educação um claro plano estratégico, casado com os interesses de crescimento do país”.
No topo do ranking de competitividade, Suíça e Singapura se destacam pela liderança também em todos os níveis de educação. A FDC sugere que o Brasil deveria ampliar programas de formação profissional e técnica, para preparar alunos para o mercado de trabalho.
Com Agência O Globo.