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Brasil ouve Carstens mas não lhe garante apoio para vaga no FMI

Agustín Carstens chegou ao país na terceira etapa de sua turnê mundial para angariar apoio à sua candidatura para o comando do Fundo Monetário Internacional

Mantega acrescentou que é importante ter um candidato de uma economia emergente em um posto que tem sido tradicionalmente ocupado por um europeu (Lionel Bonaventure/AFP)

Mantega acrescentou que é importante ter um candidato de uma economia emergente em um posto que tem sido tradicionalmente ocupado por um europeu (Lionel Bonaventure/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2011 às 22h32.

Brasília - O governo brasileiro recebeu o chefe do banco central mexicano e candidato ao mais alto cargo do FMI na quarta-feira, mas não chegou a oferecer um apoio, alegando que precisa de mais tempo para optar por um candidato.

Agustín Carstens chegou ao país na terceira etapa de sua turnê mundial para angariar apoio à sua candidatura para o comando do Fundo Monetário Internacional contra a ministra das Finanças francesa, Christine Lagarde, que iniciou sua própria campanha mundial no Brasil na segunda-feira.

Enquanto o país tem estado entre os mais ativos na campanha para maior participação das economias emergentes em assuntos econômicos mundiais, fontes do governo disseram que o governo está se inclinando para Lagarde, porque ela é vista como tendo maior influência dentro do organismo para avançar com reformas.

"As economias emergentes estão sub-representadas na liderança do Fundo, em especial os países latino-americanos", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista coletiva com Carstens em Brasília.

Mantega acrescentou que é importante ter um candidato de uma economia emergente em um posto que tem sido tradicionalmente ocupado por um europeu, e que seria um passo adiante se o chefe do FMI fosse escolhido por mérito e não por nacionalidade.

O apoio da maior economia da região seria um grande impulso para Carstens, que disse ter recebido manifestações de apoio de grande parte da América Latina, apesar de não ter ainda apoio oficial.

Em entrevista à Reuters, ele disse que tem uma agenda semelhante à de Lagarde, mas que é mais qualificado por ter mais experiência e melhor conhecimento da instituição credora.

"É uma agenda bastante similar. Uma diferença muito importante é a capacidade de liderar. Eu entendo a instituição em 360 graus", disse ele, lembrando que já atuou como diretor-adjunto e diretor-executivo do FMI.


Carstens afirmou que suas prioridades seriam lidar com a crise da zona do euro, apoiar a transição no Oriente Médio e aprovar reformas para ampliar a cota de representação no FMI.

A renúncia de Dominique Strauss-Kahn, que deixou o cargo de diretor-gerente do FMI para se defender de acusações que incluem tentativa de estupro, levantou apelos de países em desenvolvimento para acabar com a hegemonia europeia no cargo.

O Conselho do FMI tem prazo até 30 de junho para escolher um sucessor.

Carstens se reunirá com o presidente do banco central brasileiro, Alexandre Tombini, em São Paulo, na quinta-feira, antes das reuniões com autoridades argentinas, na sexta-feira.

Na corrida pela disputa do mais alto cargo do FMI, outros países estão em busca de apoio a candidaturas alternativas, como a África do Sul.

O presidente sul-africano, Jacob Zuma, conversará por telefone com a presidente Dilma Rousseff na quinta-feira sobre uma possível candidatura do ex-ministro de Finanças daquele país, Trevor Manuel, informou uma fonte do Palácio do Planalto.

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