Mundo

Brasil negocia para ampliar fornecimento de chips para os EUA, diz embaixadora em Washington

Maria Luiza Viotti aponta que há conversas para que o país possa se beneficiar da diversificação de fornecedores realizada pelos EUA

Maria Luísa Viotti, embaixadora do Brasil nos Estados Unidos (José Cruz/Agência Brasil)

Maria Luísa Viotti, embaixadora do Brasil nos Estados Unidos (José Cruz/Agência Brasil)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 12 de março de 2024 às 18h21.

Última atualização em 12 de março de 2024 às 20h01.

O Brasil vem atuando para ampliar o fornecimento de semicondutores, como os microchips, para os Estados Unidos, disse a embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti.

"Tem havido uma conversa muito interessante com nossos interlocutores nos Estados Unidos de que o Brasil teria condições e interesse de aproveitar o movimento que tem sido feito nos Estados Unidos de desenvolvimento de cadeias de produção para semicondutores, de aumentar ao máximo a produção doméstica, mas também do interesse de contar com países próximos como o Brasil, no processo de near-shoring, que tem certa capacidade de participar desse processo", afirmou Viotti.

A embaixadora discursou na abertura de um evento organizado pela Apex com representantes técnicos, adidos agrícolas e empresarios de EUA e Canadá, realizado nesta terça-feira, 12, em Washington.

Entre as possibilidades debatidas, o Brasil poderia colaborar nas etapas de encapsulamento e testagem de chips e estimular mais convênios com universidades. Uma das empresas que podem avançar na produção para o mercado externo é a HT Micron, que tem uma fábrica no Rio Grande do Sul. Em 2023, a companhia recebeu um financiamento de R$ 99 milhões do BNDES para se expandir.

A partir de 2017, os Estados Unidos passaram a reduzir as importações da China, em um movimento que ganhou força após a pandemia, devido a falhas nas cadeias de suprimentos. A ação ganhou o apelido de near-shoring: trazer a produção de itens críticos para países mais próximos, tanto na geografia quanto em afinidades políticas.

Um dos desafios do near-shoring é encontrar novos fornecedores de produtos de alta tecnologia, como os chips e outros semicondutores, cujas técnicas de produção são dominadas por poucas empresas e exigem grandes investimentos em pesquisas.

Além de semicondutores, o governo brasileiro trabalha para ampliar parcerias e exportações relacionadas a hidrogênio verde, SAF (combustível sustentável de aviação), ambos ainda em etapas iniciais de projeto, e a mineração de itens essenciais para a transição energética, como lítio e cobre.

"O Brasil pode ser uma alternativa, como o México, já está sendo. Observando bem o cenário, podemos tirar um bom proveito disso e fazermos o país avançar", disse Jorge Viana, presidente da Apex, no mesmo evento, sobre o movimento de near-shoring.

Em 2023, o México se consolidou como principal exportador de produtos para os Estados Unidos, desbancando a China dessa posição, que ocupava há mais de 20 anos.

Viotti afirmou ainda que a relação entre os dois paises vive um bom momento, que ganhou força após a visita de Lula a Joe Biden em 2023. Os dois governos estão com foco em investimentos em transição energética e para conter as mudanças climáticas.

O repórter viajou a convite da Apex.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)TecnologiaExportações

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru