O Brasil quer renegociar alguns termos, como o aumento do conteúdo regional e ampliação do escopo do acordo (Miguel Riopa/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2012 às 22h56.
São Paulo - O governo brasileiro negou nesta sexta-feira que irá romper um acordo automotivo com o México, mas afirmou que poderá usar a cláusula de saída do entendimento, que é desfavorável ao Brasil, caso as negociações para rever os termos fracassem.
O México é a terceira principal origem de veículos importados no país e o comércio de automóveis entre os dois países foi deficitária para o Brasil nos últimos anos. A ruptura, se confirmada, é mais uma estratégia do governo da presidente Dilma Rousseff para conter a entrada de carros produzidos no exterior e que já representam quase um quarto do vendido no país.
"Nós colocamos como alternativa a utilização da cláusula de saída do acordo. Não é ruptura", disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
O acordo permite fluxo de automóveis, peças e partes de veículos sem incidência ou com redução de tarifas de importação. Atualmente, montadoras no Brasil têm usado o acordo para complementar suas ofertas no país, com modelos mais sofisticados ante um parque fabril nacional mais voltado a veículos compactos populares.
O Brasil quer renegociar alguns termos, como o aumento do conteúdo regional e ampliação do escopo do acordo, para incluir caminhões, ônibus e utilitários, e "melhorar o saldo", disse o ministro.
O presidente mexicano, Felipe Calderón, telefonou para Dilma nesta tarde e ambos acertaram em reabrir a renegociação dos termos do acordo, segundo Pimentel, que demonstrou otimismo nas negociações com o parceiro latino.
"Há enorme interesse do México em manter o acordo", disse ele. O governo acredita que até o fim de fevereiro as negociações devem ser encerradas.
Em 2011, o México ficou no terceiro lugar no ranking de principais origens de importações brasileiras de veículos, com participação de 13,8 por cento, atrás de Coreia do Sul, com 19,2 por cento; e Argentina, com 44 por cento, segundo dados da associação de concessionários de veículos, Fenabrave.