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Brasil, Argentina e México buscam cooperação na guerra de divisas

Presidentes dos três países condenam guerra cambial e pedem que cotação de moedas dependa dos mercados

O presidente Lula está na cúpula do G20 acompanhado de Dilma Rousseff (Divulgação/Getty Images)

O presidente Lula está na cúpula do G20 acompanhado de Dilma Rousseff (Divulgação/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2010 às 13h49.

Seul, 11 nov (EFE).- Os líderes do Brasil, Argentina e México aproveitaram a cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes) em Seul para pedir aos países um compromisso que permita superar a guerra das divisas e garantir um crescimento equilibrado.

Um equilíbrio que para o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, passa pelo fato de os países desenvolvidos aumentarem sua própria demanda interna, em contraste com a posição dos Estados Unidos de reivindicar um maior consumo interno aos emergentes.

Em entrevista coletiva poucas horas antes do início formal da cúpula, Lula fez um contundente chamado dizendo que se os países ricos não elevarem o consumo ao invés de aumentarem as exportações, a economia global entrará em processo de quebra.

"Não podemos, num encontro das maiores economias do mundo, tomar decisões pensando só em nós do G20, sem pensar nos reflexos nos outros países, incluindo os que não estão aqui, que são os menores, de economias mais frágeis", disse Lula, que viajou para Seul acompanhado da presidente eleita, Dilma Rousseff.

Lula é um dos maiores críticos à política monetária tanto dos EUA quanto da China porque, em sua opinião, promovem uma "guerra cambial" ao propiciar a desvalorização artificial de suas moedas para promover suas exportações.

Nesta quinta-feira reiterou essa acusação e sustentou que é uma saída 'fácil' da crise que não gera emprego nem fomenta o consumo e poderia representar o retorno ao protecionismo.

A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, chegou a Seul com a intenção de transmitir que uma guerra de divisas simplesmente transfere a crise de um país a outro.

Para ela, a guerra das moedas não levará a nenhum resultado, destacou em seu discurso em reunião empresarial prévia à cúpula, que representou sua primeira viagem ao estrangeiro após a morte de seu esposo, o ex-presidente Néstor Kirchner, em 27 de outubro.

Após ressaltar a necessidade de "cooperação" entre ricos e emergentes, Cristina Fernández de Kirchner aproveitou seu discurso para pedir revisão da situação atual da economia.


Cristina garantiu que é "absurdo" responsabilizar só ao setor financeiro, já que se trata de uma crise estrutural na qual "o capital se colocou mais em escala financeira do que em escala produtiva".

Por isso, defendeu uma reflexão para conhecer as causas da "doença" antes de "receitar soluções" e ressaltou que G20 elabore pautas "muito claras", entre outras coisas, a controvertida guerra de divisas.

Com relação às taxas de câmbio, México rejeitou nesta quinta-feira as desvalorizações artificiais, embora em termos menos taxativas do que Brasil e Argentina.

Fontes oficiais mexicanas indicaram nesta quinta-feira em Seul que sua postura é propícia a que todos os países se movimentem em direção ao retorno do rumo dos regimes de taxa de câmbio que levem em conta os aspectos do mercado, baseado nos "fundamentos macroeconômicos" de cada um.

México, que será anfitrião da cúpula em 2012, pedirá a moderação dos desequilíbrios fiscais, por considerá-los um forte impedimento ao crescimento.

Mas sua prioridade nesta cúpula, além das questões financeiras, é apresentar o avanço das negociações rumo à 16ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudança Climática (COP16), que começará em Cancún em 29 de novembro.

México considera "crucial" colocar a questão neste fórum, que reúne mais de 20 economias entre membros do G20 e convidados, muitas delas as maiores emissoras de CO2 do mundo.

O presidente mexicano, Felipe Calderón, discursou nesta sexta-feira em Seul em uma mesa-redonda sobre crescimento verde na qual advertiu que a relação com o meio ambiente "chegou a um ponto decisivo".

"Ou nos adaptamos a uma forma de vida que detenha a mudança climática ou o aquecimento global alterará permanentemente a maneira de viver", ressaltou.

Espera-se que da reunião de Seul, iniciada nesta quinta-feira com um jantar oficial e que centrará os debates desta sexta-feira, saia um compromisso para garantir crescimento equilibrado e sustentável, embora, salvo mudanças de última hora, um consenso sobre política monetária parece ainda muito distante.

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