Combatentes da Frente al-Nosra, braço sírio da Al Qaeda: chefe da Al-Nosra afirmou em uma gravação sonora que a intervenção russa na Síria terminará com uma derrota (Guillaume Briquet/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2015 às 11h38.
O chefe da Frente al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda, convocou nesta terça-feira a multiplicar os ataques contra a Rússia, cuja embaixada em Damasco foi alvo de dois morteiros, quase quinze dias depois do início da intervenção russa na Síria para apoiar o regime de Bashar al-Assad.
Dois morteiros atingiram nesta terça-feira a embaixada da Rússia em Damasco, quando ocorria uma manifestação em apoio a Moscou. Os projéteis, disparados por rebeldes islamitas a partir dos subúrbios da capital, não deixaram feridos, segundo a embaixada.
Este ataque "é um atentado terrorista evidente para intimidar os partidários da luta contra o terrorismo e impedi-los de conquistar uma vitória contra os extremistas", estimou o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov.
O chefe da Al-Nosra, Abu Mohamad al Jolani, afirmou em uma gravação sonora que a intervenção russa na Síria terminará com uma derrota.
"A guerra na Síria fará com que os russos se esqueçam dos horrores vividos no Afeganistão", afirmou.
"Convoco os mujahedines (combatentes islamitas do Cáucaso) a apoiar o máximo que puderem o povo da Síria. Se o exército russo matar nossa população, matem a sua, se matarem os nossos soldados, matem os seus. Olho por olho", acrescenta Abu Mohamad al Jolani.
Para isso, afirma, os múltiplos grupos rebeldes espalhados por toda a Síria devem "deixar de lado suas disputas até o desaparecimento e o esmagamento da cruzada ocidental e da campanha russa em território sírio".
A Rússia concentrou seus bombardeios no centro e no norte da Síria, onde se encontra a Frente Al-Nosra, sobretudo nas províncias de Idleb e Hama, nas quais combatia outros grupos islamitas.
US$ 3 milhões por cabeça de Assad
O chefe da Al-Nosra também convocou os rebeldes a atacarem as localidades alauitas, seita xiita à qual o presidente Assad pertence.
"Devemos estender a batalha e atacar aldeias nosairis (palavra depreciativa para se referir aos alauitas) de Latakia e convido todas as partes rebeldes a reunir o maior número possível de morteiros para atingir estes povoados todos os dias com centenas de projéteis, assim como fazem contra nós", disse.
Além disso, ofereceu mais de 3 milhões de dólares para quem matar o presidente Bashar al-Assad e dois pela cabeça do chefe do Hezbollah Hassan Nasrallah.
Em terra, as forças do regime de Assad sofreram um revés em sua tentativa de avançar no centro da Síria e cercar Khan Cheikhun, um reduto da Al-Nosra.
Foram obrigadas a retroceder após intensos combates contra os rebeldes nos quais, desde segunda-feira, 25 pessoas morreram nas fileiras pró-governo.
Enquanto isso, a aviação russa anunciou nesta terça-feira que bombardeou 86 alvos terroristas na Síria nas últimas 24 horas, o que equivale a um recorde desde o início de sua intervenção militar, no dia 30 de setembro.
Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, criticou a falta de cooperação dos Estados Unidos no conflito sírio.
Putin criticou o fato de não ter recebido uma resposta às perguntas feitas aos Estados Unidos, sobre que alvos a aviação russa deve atacar e quais evitar.
Também disse que não há garantias de que as munições lançadas por Washington na Síria não caiam nas mãos de terroristas.
Os Estados Unidos lançaram no domingo de paraquedas munições no norte da Síria para rebeldes deste país que combatem o grupo Estado Islâmico (EI), indicou na segunda-feira um porta-voz do comando das forças americanas no Oriente Médio (Centcom).
O diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, Rami Abdel Rahman, disse que houve um fortalecimento do Hezbollah na província de Hama e que milhares de combatentes iranianos chegaram ao aeroporto de Hmeimin, ao sul de Latakia, utilizado também pela aviação russa.
No sul, a artilharia israelense bombardeou duas posições do exército sírio nas Colinas de Golã em represália pela queda de dois foguetes na parte desta região ocupada por Israel, anunciou o exército hebreu.