EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Londres - A britânica BP avistava por fim esta sexta-feira o fim do vazamento de petróleo no Golfo do México, mas a companhia que emergirá da catástrofe será diferente, mais frágil e empobrecida.
O grupo informou sentir-se animado com os primeiros resultados de um teste crucial para determinar se poderá continuar recuperando o petróleo liberado do poço danificado no Golfo do México.
"O mercado está vendo um pouco mais claro. É uma boa notícia", afirmou o analista David Loudon, da casa de corretagem Redmayne Bentley.
"Agora que a BP mostrou que conseguiu frear o vazamento, deve resistir melhor às pressões políticas", avaliou, por sua vez, o especialista Peter Hutton, da NCB Oils.
Em sinal de que o mercado antecipa o final da crise, o preço da ação da BP começou a subir e recuperou 40% de seu valor com relação ao piso a que chegou em 25 de junho passado, embora ainda esteja cotado a apenas 66% do que valia quando explodiu a plataforma Deepwater Horizon, em 20 de abril.
Para os analistas, nada será como antes: "A BP que surgirá (da maré negra) será diferente da anterior", afirmou Hutton.
Em primeiro lugar, a BP ainda não pagou a conta da maré negra, que poderia cusrar entre 30 e 40 bilhões de dólares, segundo o consenso dos especialistas, e até 70 bilhões de dólares segundo o banco americano Goldman Sachs.
As coisas serão mais precisas quando saírem à luz os resultados da investigação das autoridades americanas sobre as causas do acidente e as responsabilidades da BP e de seus sócios.
Para financiar os custos vinculados à catástrofe, a BP deverá vender ativos por 20 bilhões de dólares, noticiou esta sexta-feira o Financial Times, o que desperta a cobiça de outras empresas e até mesmo o boado de uma possível compra do gigante petroleiro britânico.
"O cenário de uma venda importante é muito mais realista do que o de uma enorme fusão", informou Hutton.
Em todo caso, a pior catástrofe ambiental da história dos Estados Unidos representou um golpe impossível de determinar quanto a valores, mas muito severo para a imagem deste grupo que tem 80 mil funcionários.
"A reputação do grupo sofreu danos irreparáveis", assegurou David Loudon, lembrando que a BP tinha se tornado o "inimigo público número um dos Estados Unidos".
Abalada diante da opinião pública, a imagem da BP também sofreu um forte desgaste entre os profissionais do setor, o que pode complicar suas operações futuras.
As companhias petroleiras e os empregados terceirizados que, antes da catástrofe, disputavam para ter seu nome associado ao da gigante britânica, agora podem não querer aparecer ao seu lado, afirmou Hutton.
Quanto às opções estratégicas que tinha para garantir seu futuro, a BP deverá revisá-las completamente.
"As jazidas em águas profundas do Golfo do México serão uma oportunidade essencial para o desenvolvimento da BP. O grupo estava convencido de que poderia empurrar as fronteiras da tecnologia. Mas nada disto está acontecendo", constatou Hutton.
"A BP era uma das primeiras companhias petrolíferas do mundo, mas não será mais no futuro", concluiu, de forma categórica, Loudon.