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Boris diz que país não vai abandonar "papel de protaganista"

Depois de indignar os sócios comunitários ao comparar a ambição de integração da UE com a de Hitler, Johnson exibiu na capital da UE uma atitude conciliadora


	Boris Johnson: "Temos que aplicar a vontade do povo e deixar a União Europeia"
 (Peter Nicholls / Reuters)

Boris Johnson: "Temos que aplicar a vontade do povo e deixar a União Europeia" (Peter Nicholls / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2016 às 09h54.

O novo ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, um dos defensores do Brexit, afirmou nesta segunda-feira, em Bruxelas, em sua primeira visita como chanceler, que seu país continuará tendo um papel de protagonista na Europa.

Depois de indignar os sócios comunitários ao comparar a ambição de integração da UE com a de Adolf Hitler, Johnson exibiu na capital da União Europeia uma atitude conciliadora e construtiva, afastado de seu habitual papel incendiário.

"Temos que aplicar a vontade do povo e deixar a União Europeia, mas de forma alguma vamos abandonar nosso papel protagonista na participação europeia", disse Johnson aos jornalistas.

Johnson explicou ter tido no domingo uma conversa muito boa sobre o Brexit com a representante diplomática da UE, Federica Mogherini, e disse que quer conhecer seus colegas.

O político conservador teve um papel chave na vitória do "sim" no referendo sobre o Brexit de 23 de junho, e sua nomeação como titular das Relações Exteriores no novo governo liderado por Theresa May surpreendeu muitos na Europa.

Mogherini, que chegou a Bruxelas pouco depois de Johnson, concordou com ele que havia sido uma boa conversa.

A Grã-Bretanha continua sendo um membro da UE até que as negociações de saída terminem, lembrou a Alta Representante.

Por sua vez, o chefe da diplomacia francesa, Jean-Marc Ayrault, afirmou que teve uma conversa "interessante e útil" por telefone com Jonhson e ressaltou a necessidade de que Londres ative o quanto antes o artigo 50 que inicia o processo de saída da UE para acabar com a incerteza.

"Há muitas coisas nas quais trabalhar com o Reino Unido. Sempre falarei com Boris Johnson com a maior sinceridade e a maior franqueza, acredito que assim avançaremos", disse à imprensa.

May afirma que o fará no fim do ano ou no início de 2017, mas não antes que Londres tenha averiguado qual tipo de relação quer com a Europa dos 27.

A reunião dos ministros das Relações Exteriores foi ofuscada pela tentativa de golpe de Estado na Turquia e pelo atentado em Nice, o terceiro grande ataque na França desde 2015.

A chegada de Johnson era esperada com certa agitação, diante de seu papel no Brexit e sua reputação de provocador.

O ex-prefeito de Londres e companheiro de escola de David Cameron é bem conhecido em Bruxelas, onde trabalhou nos anos 1990 como correspondente do jornal Daily Telegraph para a UE.

Os responsáveis de Bruxelas ressaltaram que o receberão como a qualquer outro ministro das Relações Exteriores, mas é evidente que sua atitude a favor do Brexit desperta reticências e apreensão entre seus colegas comunitários.

Johnson deveria ter se reunido com o resto dos ministros no domingo em um jantar informal, mas vários países se negaram, afirmando que contaria como parte das conversas informais com Londres antes da ativação do artigo 50.

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