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Bombardeios do regime sírio matam 77 civis em Guta Oriental

A ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) informou, ainda, que cerca de 300 pessoas ficaram feridas nos bombardeios

Síria: a ONU pediu o fim "imediato" dos bombardeios da aviação síria nesta segunda-feira em Guta (Bassam Khabieh/Reuters)

Síria: a ONU pediu o fim "imediato" dos bombardeios da aviação síria nesta segunda-feira em Guta (Bassam Khabieh/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 20h51.

Ao menos 77 civis, entre eles 20 crianças, foram mortos nesta segunda-feira em bombardeios do regime sírio no território rebelde de Guta Oriental, a leste de Damasco, onde a chegada de novas tropas indica uma ofensiva terrestre iminente.

A ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) informou, ainda, que cerca de 300 pessoas ficaram feridas nos bombardeios de artilharia e de aviação.

"O regime bombardeia intensamente Guta Oriental com o objetivo de uma ofensiva terrestre", afirmou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Segundo o OSDH, os ataques desta segunda-feira deixaram civis mortos em Hamuria e Saqba, entre outras zonas bombardeadas.

O balanço anterior da ONG contabilizava 54 civis mortos.

A ONU pediu o fim "imediato" dos bombardeios da aviação síria nesta segunda-feira em Guta.

"A situação humanitária dos civis em Guta oriental está totalmente fora de controle", disse em um comunicado difundido em Beirute Panos Moumtzis, coordenador da ONU para a ajuda humanitária na Síria.

"É imperativo pôr fim imediatamente a este sofrimento humano insensato. Os bombardeios de "civis inocentes e de infraestruturas devem cessar imediatamente", acrescentou.

As Forças Armadas sírias tentam retomar o controle de Guta Oriental, uma região controlada pelos insurgentes desde 2012 e último reduto rebelde nos arredores de Damasco.

Antes dos bombardeios desta segunda, vários aviões de reconhecimento sobrevoaram a zona, segundo jornalistas da AFP no local.

O pânico tomou conta dos civis na localidade de Hamuria, que correram para se refugiar dentro de prédios.

"O destino de Guta é incerto, temos apenas a misericórdia de Deus e nossos porões para nos escondermos", disse à AFP Ala Al Dine, morador de Hamuria.

Em 5 de fevereiro, o regime lançou uma ofensiva aérea de uma intensidade sem precedentes na zona. Em cinco dias, deixou 250 mortos entre os civis e centenas de feridos.

As localidades do reduto rebelde são bombardeadas de forma intermitente desde então.

Segundo o OSDH, no fim de semana houve negociações para evacuar da zona o grupo jihadista Hayat Tahrir Al Sham, mas elas fracassaram. "O fracasso das negociações marca o princípio de uma ofensiva", destaca Abdel Rahman, diretor da ONG.

Guta Oriental está em mãos de dois dos principais grupos islamitas no país, Jaish Al Islam e Faylaq Al Rahman, que negam estar negociando com o regime.

Damasco quer recuperar esta zona para pôr fim aos disparos de morteiros e foguetes dos rebeldes na direção da capital.

No domingo, seis foguetes caíram em Damasco, segundo um jornalista da AFP e, segundo a agência oficial de notícias Sana, mataram uma pessoa. Desde 5 de fevereiro, mais de 20 civis morreram.

Nesta segunda, os civis de Damasco se preparavam para abandonar suas casas, principalmente nos bairros mais próximos ao reduto rebelde.

Nas últimas semanas, vários disparos atingiram as casas na capital.

"Estamos cansados, mas parece que não há outra solução que uma ofensiva militar final. Estamos esperando por isso há muito tempo. É hora de descansar", assegura Jawad Al Obros, de 30 anos, que vive com a mãe, o pai e a irmã em um bairro próximo de Jobar, um dos principais fronts na capital, entre o regime e os rebeldes.

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