Mundo

Bombardeios criam nova rotina aterradora para sírios de Ghouta

Pessoas se sentam ou deitam em colchões de espuma, muitas vezes no escuro. As pessoas tentam dormir, até que as bombas começam a cair

Bombardeios em Ghouta: desde domingo a artilharia pesada, os disparos de foguetes e os ataques aéreos também vêm assolando o enclave, um bombardeio que o governo sírio diz ser necessário para deter os disparos de morteiros contra Damasco (Bassam Khabieh/Reuters)

Bombardeios em Ghouta: desde domingo a artilharia pesada, os disparos de foguetes e os ataques aéreos também vêm assolando o enclave, um bombardeio que o governo sírio diz ser necessário para deter os disparos de morteiros contra Damasco (Bassam Khabieh/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 22 de fevereiro de 2018 às 15h59.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2018 às 17h22.

Beirute - Para os moradores da região síria de Ghouta Oriental, cinco dias de bombardeios intensos impuseram uma nova rotina de terror em um distrito já atormentado por anos de cerco.

A guerra civil da Síria vem ditando há tempos o ritmo do cotidiano de Ghouta Oriental, a maior área próxima da capital Damasco ainda sob controle rebelde, separando-a do mundo exterior e limitando seu acesso a combustível, eletricidade, alimento e remédios.

Desde domingo a artilharia pesada, os disparos de foguetes e os ataques aéreos também vêm assolando o enclave, um bombardeio que o governo sírio diz ser necessário para deter os disparos de morteiros contra Damasco.

O primeiro alerta muitas vezes chega pelos celulares --conectados a uma rede 3G local intermitente ligada ao mundo exterior via satélite--, avisando que aviões de guerra estão nos céus.

Monitores situados nos extremos do enclave, particularmente no norte, perto da base militar aérea de Dumeir, ficam de guarda e ligam para um sistema de alarme controlado pela defesa civil. Esta envia alertas por aplicativos de mensagem dizendo que os aviões estão a minutos de distância.

Esta quinta-feira começou calma, mas perto das 11h (horário local) o sistema enviava mensagens a cada poucos minutos.

A esta altura a maioria das pessoas estava em abrigos. Normalmente estes são porões de edifícios fortificados com sacos de areia, mas há quem tenha escavado os seus debaixo das casas ou em becos estreitos. Aqueles que não os têm se escondem no térreo de alguma casa.

"No abrigo onde estou sentado neste momento há uma bateria de 12 volts para alimentar uma pequena luz. Todos que chegam trazem um colchão e cobertor. Não há água encanada, então os médicos alertam para sarna e piolhos", contou Bilal Abu Salah.

Sua família divide o abrigo com sete outras. Os banheiros são primitivos, a ventilação é ruim, o cheiro insuportável, disse.

As pessoas se sentam ou deitam em colchões de espuma, muitas vezes no escuro. Em alguns abrigos, famílias montaram conexões de internet rudimentares. As pessoas tentam dormir, até que as bombas começam a cair.

"Na segunda-feira minha casa foi atingida", disse Mahmoud, que a Reuters contatou por mensagem de voz em Hamouriyeh, cidade de Ghouta Oriental. Sua família de nove pessoas, incluindo quatro crianças, se encontrava no interior, mas só duas crianças se feriram.

Acompanhe tudo sobre:Bashar al-AssadGuerrasSíria

Mais de Mundo

Terremoto de magnitude 6,1 sacode leste de Cuba

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala