Bolívia: incêndios florestais atingem mais de 3,8 milhões de hectares, provocando crise climática (Cole Burston/Getty Images)
Agência de Notícias
Publicado em 11 de setembro de 2024 às 16h00.
A Bolívia atravessa uma crise climática devido aos incêndios florestais, o que levou o governo a declarar “emergência nacional” pelos efeitos negativos na qualidade do ar, um problema que se estende a outros países da região, como Brasil e Paraguai.
O Laboratório de Física Atmosférica da Universidad Mayor de San Andrés (UMSA), em La Paz, alertou que os incêndios estão gerando uma "catástrofe ambiental" com graves impactos na fauna, flora e na saúde da população.
De acordo com o relatório da UMSA, a fumaça acumulada na atmosfera pode inibir a chegada das chuvas, criando um “círculo vicioso” que prolonga as condições de baixa qualidade do ar. As queimadas, concentradas no leste do país, já afetaram mais de 4 milhões de hectares, segundo fundações privadas, como a Tierra. No entanto, o governo estima o total em cerca de 3,8 milhões de hectares.
Nos últimos dias, cidades como Santa Cruz, Cochabamba, La Paz e Cobija foram cobertas por uma densa camada de fumaça, levando as autoridades a alertar sobre os efeitos prejudiciais à saúde pública.
Grande parte dos incêndios tem origem nos "chaqueos", queimadas legais realizadas para preparar o solo para a agricultura ou pecuária, mas que saíram de controle devido aos ventos fortes e à seca prolongada. Em resposta, o Ministério da Educação ordenou aulas virtuais em regiões como Santa Cruz, Beni e Pando.
Organizações ambientais relatam que os incêndios estão piorando e causam danos a milhares de animais selvagens, como onças, tamanduás e aves tropicais. As queimadas também prejudicam a atividade econômica em áreas como a Chiquitania boliviana, que abriga as Missões Jesuíticas, patrimônio da humanidade.
Em junho, o governo boliviano alertou para a entrada de incêndios originados no Brasil, que afetaram áreas compartilhadas, como o Pantanal. O vice-ministro da Defesa Civil, Juan Carlos Calvimontes, afirmou que mais de 2.800 focos de calor ameaçam se transformar em incêndios florestais se não forem controlados.
Nos últimos dias, a Bolívia recebeu apoio de grupos de bombeiros e especialistas do Brasil, Chile e França. O governo também anunciou a contratação de aviões-tanque para combater os focos.
Ambientalistas têm pressionado o governo pela revogação de leis conhecidas como “leis incendiárias”, aprovadas entre 2013 e 2019, que incentivam o desmatamento e a queima de florestas e pastagens para a expansão agrícola.