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Bolívia convoca seu embaixador na Argentina após Milei chamar tentativa de golpe de 'falsa denúncia'

Ordem foi dada após Chancelaria boliviana rejeitar as declarações 'temerárias' de Buenos Aires; declaração argentina ocorre após ex-presidente Evo Morales sugerir uma tentativa de autogolpe de Luis Arce

Bolívia: governo de Luis Arce sofreu tentativa de golpe na última semana (AIZAR RALDES/AFP)

Bolívia: governo de Luis Arce sofreu tentativa de golpe na última semana (AIZAR RALDES/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 1 de julho de 2024 às 14h51.

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A Bolívia convocou nesta segunda-feira o seu embaixador na Argentina para consultas, horas após rejeitar uma declaração do governo de Javier Milei, na qual descreveu a tentativa de golpe fracassado contra o presidente Luis Arce na semana passada como uma "falsa denúncia". Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores boliviano rejeitou "energicamente" o que chamou de declarações "inamistosas e temerárias" do governo argentino.

"Nosso embaixador do Estado Plurinacional da Bolívia na Argentina, Ramiro Tapia, foi convocado para consulta para estar presente na sede do governo", anunciou a chanceler e porta-voz da Presidência, María Nela Prada, em comunicado à imprensa.

A Chancelaria boliviana considerou que "as afirmações desinformadas e tendenciosas" sobre a "inexistência de um golpe de Estado" fracassado representam "um excesso e um negacionismo inaceitável", convidando a "informar-se e agir no âmbito dos princípios de respeito à soberania e não intervenção nos assuntos internos de outros estados".

A presidência ultraliberal de Milei, que mantém relações muito tensas com os governos de esquerda da região, distanciou-se do apoio internacional recebido por Arce diante da mobilização militar das Forças Armadas, liderada pelo general Juan José Zúñiga, ex-chefe do Exército — embora tenha sido uma das signatárias de uma nota que manifestou preocupação e condenou as mobilizações das tropas na Praça Murillo.

Zúñiga estava à frente das tropas que cercaram o palácio presidencial com carros blindados por várias horas antes de se retirarem. O general e outros comandantes foram presos junto com outros 18 militares ativos, reformados e civis acusados de tentar derrubar o presidente Arce. A versão oficial, no entanto, começou a ser questionada depois que Zúñiga, ao ser capturado, afirmou ter agido a pedido de Arce para "aumentar sua popularidade", algo que foi negado pelo presidente boliviano.

No domingo, o ex-presidente Evo Morales acusou Arce, seu antigo aliado, de ter "mentido ao mundo" com um "autogolpe".

— Pensei que fosse um golpe, mas agora estou confuso: parece um autogolpe — disse Morales em seu programa regular de rádio.

O governo argentino citou "relatórios de inteligência" para apoiar as declarações de Morales. "O relato divulgado foi pouco credível e os argumentos não se enquadravam no contexto sociopolítico do país latino-americano", argumentou o comunicado da Presidência argentina. O documento afirmou ainda que a democracia boliviana estava em perigo há tempos, mas não devido à tentativa de golpe, mas porque "historicamente os governos socialistas levam a ditaduras".

O general Zúñiga estava detido na prisão de segurança máxima de Chonchocoro, nos arredores de El Alto, um município próximo a La Paz, por ordem de um juiz que lhe impôs seis meses de prisão preventiva. No entanto, no mesmo sábado, ele foi retirado de lá e colocado em El Abra, uma prisão de segurança máxima no departamento de Cochabamba (centro). O general pode ser condenado até 20 anos de prisão, de acordo com os promotores.

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