Mundo

Boko Haram volta a desafiar governo da Nigéria com ataques

O grupo islamita voltou a desafiar o governo na Nigéria, com dois novos ataques que deixaram 30 mortos

Atentado do Boko Haram: atentados provocaram novos temores de violência étnica  (AFP)

Atentado do Boko Haram: atentados provocaram novos temores de violência étnica (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2014 às 13h12.

Lagos - O grupo islamita nigeriano Boko Haram voltou a desafiar o governo na Nigéria, com dois novos ataques, que deixaram 30 mortos, um dia depois de atentados que mataram 118 pessoas em um mercado de Jos (centro do país).

Dois ataques foram executados nas proximidades da cidade de Chibok, onde o grupo islamita sequestrou mais de 200 adolescentes no mês passado, o que provocou uma forte reação internacional.

Segundo moradores, homens armados mataram 10 pessoas na localidade de Shawa na segunda-feira e outras 20 em Alagarno, um dia depois.

"O ataque foi brutal. Atiraram e incendiaram nossas casas. Tivemos que fugir para o mato. Mataram 20 pessoas", disse Haruna Bitrus, morador de Alagarno.

Em Jos, as equipes de resgate prosseguiam nesta quarta-feira os trabalhos de busca de eventuais sobreviventes entre os escombros dos atentados de terça-feira.

Segundo o coordenador da Agência Nacional de Gestão de Crise, Mohamed Abdulsalam, o balanço de 118 mortos pode aumentar nas próximas horas.

Cinquenta e seis pessoas ficaram feridas nos ataques, executados com carros-bomba e que não foram reivindicados, apesar de todas as suspeitas apontarem para o Boko Haram, que segundo o governo tem vínculos com a Al-Qaeda.

Os atentados provocaram novos temores de violência étnica entre o sul cristão e o norte de maioria muçulmana, que já afetaram no passado o estado de Plateau (centro) e sua capital Jos.

O arcebispo de Jos e presidente da Conferência Episcopal da Nigéria, Ignatius Ayau Kaigama, chamou os ataques de "golpe muito duro" contra os trabalhos dos últimos anos "para favorecer a coexistência pacífica", ao mesmo tempo em que criticou a atuação do governo.

Desde o sequestro das estudantes em abril, o governo e as Forças Armadas são alvos de críticas pela incapacidade para deter a espiral de violência na Nigéria, onde 2.000 pessoas morreram desde o início do ano.


Um morador de Alagarno, Haruna Bitrus, disse que apesar da mobilização militar para encontrar as adolescentes sequestradas em Chibok, o exército não respondeu ao último ataque do grupo islamista nigeriano.

"Enquanto os homens armados fugiam, três veículos sofreram problemas e ficaram para trás para reparos. Permaneceram ali até esta manhã sem que o exército atuasse", afirmou.

Estado de emergência

Depois do atentado em Jos, o criticado presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, reiterou a vontade de "vencer a guerra contra o terrorismo".

O Parlamento nigeriano aprovou na terça-feira a ampliação do estado de emergência, em vigor desde maio de 2013 em três estados do nordeste do país, mas a medida em nenhum momento permitiu uma redução dos ataques do Boko Haram, que, ao contrário, intensificou as ações, especialmente contra os civis.

As forças de segurança nigerianas parecem incapazes de enfrentar os ataques do grupo islamista, que ampliou suas ações armadas para além de seus redutos do nordeste do país.

O sul de maioria cristã ainda não foi alvo dos atentados, mas o Boko Haram já ameaçou atacar interesses petroleiros no Delta do Níger, estratégicos para a principal economia da África.

Para enfrentar o grupo islamita, as autoridades nigerianas contam com a ajuda da comunidade internacional.

O governo dos Estados Unidos enviou especialistas e drones (aviões teleguiados) para encontrar as adolescentes sequestradas. Em uma reunião organizada em Paris no fim de semana, a Nigéria, os países vizinhos e os aliados ocidentais adotaram um plano de luta global contra o Boko Haram.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaAtaques terroristasMortesNigériaTerrorismo

Mais de Mundo

Argentina registra décimo mês consecutivo de superávit primário em outubro

Biden e Xi participam da cúpula da Apec em meio à expectativa pela nova era Trump

Scholz fala com Putin após 2 anos e pede que negocie para acabar com a guerra

Zelensky diz que a guerra na Ucrânia 'terminará mais cedo' com Trump na Presidência dos EUA