Mulher chora diante da chegada de vítimas de um ataque do Boko Haram: a violência obrigou um milhão de pessoas a fugirem (Afolabi Sotunde/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2015 às 07h59.
Nairóbi - Mais de mil civis morreram em ataques do grupo jihadista nigeriano Boko Haram efetuados na Nigéria e nos países vizinhos Camarões, Chade e Níger desde o início de 2015, informou nesta quinta-feira a organização Human Rights Watch (HRW).
Em 2014, segundo a HRW, pelo menos 3.750 civis morreram em ações do Boko Haram, principalmente na Nigéria.
Neste sábado serão realizadas eleições presidenciais e legislativas no país.
Os ataques registrados no primeiro trimestre de 2015, sete deles atentados suicidas cometidos por mulheres ou crianças, aumentaram em comparação com o mesmo período de 2014.
A violência obrigou um milhão de pessoas a fugirem desde que o grupo radical islamita pegou em armas, em julho de 2009, segundo os dados da Agência Nacional de Gestão de Emergências (NEMA).
O grupo terrorista também sequestrou centenas de mulheres e meninas, entre elas mais de 200 estudantes raptadas em abril de 2014 de um colégio de Chibok, no estado de Borno, e que continuam desaparecidas.
Muitas delas foram convertidas à força ao islamismo, obrigadas a se casar ou estupradas, enquanto dezenas de homens jovens e crianças tiveram que se integrar ao Boko Haram, segundo os dados divulgados hoje pela HRW em um comunicado.
Desde meados de 2014, os combatentes de Boko Haram tomaram o controle de 17 governos locais, alguns dos quais foram libertados por forças nigerianas e chadianas neste mês, em uma operação militar regional iniciada em fevereiro para combater os jihadistas.
"Cada semana que passa nos inteiramos de abusos mais brutais do Boko Haram contra a população civil", disse o enviado da Nigéria da HRW, Mausi Segun.
"O governo nigeriano deve tornar a proteção de civis uma prioridade nas operações militares contra o Boko Haram", afirmou.
Os entrevistados pela organização defensora dos direitos humanos criticam a inação do exército nigeriano, a quem acusam de ter destruído uma cidade.
Em dezembro do ano passado, as forças de segurança nigerianas atacaram e queimaram a cidade de Mundu, perto de uma base do Boko Haram no estado de Bauchi, onde morreram cinco pessoas e 70 famílias perderam seus lares.
Os aldeães afirmaram para a HRW que o Boko Haram não foi o autor do ataque. As autoridades militares negaram ter conhecimento deste ataque e ordenaram uma investigação sobre o ocorrido.
Segundo a investigação da Human Rights Watch, as forças de segurança nigerianas não tomaram todas as precauções possíveis para proteger a população civil em suas operações militares contra o Boko Haram.
A HRW disse que a operação militar lançada em meados de fevereiro para combater o Boko Haram no norte, onde a situação de insegurança levou o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, a suspender as eleições, não está protegendo os civis.
"Sem um maior esforço para proteger os civis e a prestação de contas pelos abusos, a situação só pode piorar", afirmou Segun.