Partidários do presidente nigeriano, Goodluck Jonathan (Pius Utomi Ekpei/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2015 às 18h01.
O grupo extremista islâmico radical Boko Haram é suspeito da decapitação de 23 pessoas na sexta-feira (27), véspera de eleições, em Buratai, no Nordeste da Nigéria, assim como de incendiar casas na localidade, informou um deputado federal à AFP.
Os ataques teriam ocorrido no fim da tarde na região, no dia em que milhões de nigerianos foram chamados a votar nas eleições presidenciais e legislativas do país.
“Houve um ataque em Buratai, na noite de sexta-feira, feito por homens armados suspeitos de serem insurgentes. Decapitaram 23 pessoas e incendiaram casas”, declarou Mohammed Adamu, que representa a região.
Uma enfermeira do hospital mais próximo, em Biu, declarou que 32 feridos que receberam assistência médica também relataram decapitações durante o ataque.
Hoje, vários ataques foram feitos por grupos islamistas radicais em seções de voto no país, deixando pelo menos sete mortos, segundo números da AFP.
Os extremistas armados dispararam contra os locais de votação e as filas de eleitores que aguardavam a vez de votar.
Algumas seções reabriram depois dos ataques, mas outras permaneceram fechadas, segundo relatos de testemunhas. Muitas pessoas fugiram, assustadas e não regressaram.
Abubakar Shekau, o líder do grupo islamista Boko Haram, ameaçou no mês passado que tentaria impedir o processo eleitoral, que considera em desacordo com o Islã, em vídeo publicado na rede social Twitter.
“Essas eleições não vão ocorrer, mesmo que nos matem. Mesmo que já não estejamos vivos, Alá não o permitirá”, declarou na ocasião.
Em algumas localidades, a Comissão Eleitoral do país suspendeu a votação, na expectativa de poder ser retomada neste domingo (29), devido a problemas técnicos com o novo sistema de credenciamento de eleitores, que não permitia a leitura dos novos cartões com dados biométricos.
O próprio presidente do país, Goodluck Jonathan, candidato à reeleição, não conseguiu, de manhã, votar por dificuldades com o novo sistema.
Cerca de 68,8 milhões de nigerianos são chamados às urnas para eleger o novo presidente e o Parlamento, em um ambiente de tensão devido ao risco de violência política e à ameaça de atentados islamitas.
Os candidatos a chefe de Estado são 14, entre os quais se encontra pela primeira vez uma mulher. Participam da disputa, que se prevê acirrada, o atual presidente, Goodluck Jonathan, e o ex-general Muhammadu Buhari, que dirigiu a Nigéria, à frente de uma junta militar, de 1983 a 1985.