Mulher com os filhos em acampamento para refugiados da violência do Boko Haram na Nigéria, em Wurojuli (Samuel Ini/Reuters/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2014 às 17h09.
Damaturu/Maiduguri - Militantes do Boko Haram levaram mais de 26 mil pessoas a deixarem a cidade de Bama, no nordeste da Nigéria, em meio a um confronto violento, disseram testemunhas e fontes de segurança nesta quarta-feira, num momento em que os islamitas se concentram em tomar e proteger territórios.
O governo do Estado de Borno, onde Bama está localizada, informou que ainda controlava a cidade.
Fontes locais disseram anteriormente que o Boko Haram, que começou seu ataque na segunda-feira, havia tomado o controle de grande parte de Bama até terça-feira.
À medida que o combate avançava, chegavam notícias de que a insurgência alcançava mais uma vitória na terça-feira, ao conquistar a pequena cidade de Bara, a sudoeste, entre Maiduguri e a capital nacional Abuja, sem disparar um tiro.
Os ataques do Boko Haram parecem ter mudado de foco nas últimas semanas e visam tomar território e segurá-lo, uma estratégia que, segundo analistas, poderia ser inspirada pelo exemplo do Estado Islâmico de declarar um califado na Síria e no Iraque.
No mês passado, os rebeldes capturaram a cidade rural remota de Gwoza, ao longo da fronteira com Camarões, durante combates pesados. O líder Abubakar Shekau declarou em um vídeo que a cidade era agora "território muçulmano".
A Agência Nacional de Gerenciamento de Emergência (Nema) no Estado de Borno disse nesta quarta-feira que 26.391 pessoas deixaram a cidade até o momento.
"O número está crescendo a cada hora", disse o porta-voz Abdulkadir Ibrahim.
A captura de Bama colocaria os rebeldes mais perto da capital do Estado de Borno, Maiduguri, que é o berço do movimento Boko Haram. Temores de que Maiduguri poderia ser o próximo alvo levaram o governo a estender um toque de recolher durante a noite no local.
"O ataque à cidade de Bama... foi muito infeliz, mas quero tranquilizar o nosso povo que o governo está no controle da situação", disse o vice-governador de Borno, Zanna Mustapha, em um comunicado.
"Nossas forças de segurança estão combatendo os insurgentes em uma batalha feroz."
O Boko Haram, um movimento jihadista sunita cujo nome significa "a educação ocidental está proibida", já matou milhares de pessoas desde o lançamento de um levante em 2009 para estabelecer um Estado islâmico na Nigéria.
O grupo é, de longe, a principal ameaça de segurança para a maior economia da África.