Copa do Mundo no Catar: as autoridades catarianas negaram que o boicote prejudicará a competição (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2017 às 14h39.
Os bolsos cheios e o prazo de cinco anos estão evitando que o sonho do Catar de organizar a Copa do Mundo de 2022 se transforme em pesadelo por causa de um boicote.
Um embargo realizado por quatro países, liderados pela Arábia Saudita, bloqueou a chegada de materiais de construção com os quais o Catar contava para edificar pelo menos oito estádios, construir dezenas de quilômetros de ferrovias e erguer uma cidade completamente nova antes do evento esportivo de maior audiência do mundo.
Mas no momento em que o boicote diplomático e comercial se aproxima de seu terceiro mês, o país rico em gás afirma que está buscando mais alternativas no exterior e investindo mais dinheiro do que o planejado para substituir os fornecedores da vizinhança.
O aço da Malásia está substituindo o saudita. Omã fornecerá materiais originalmente encomendados nos Emirados Árabes Unidos, dizem.
A China está preenchendo a lacuna com dezenas de produtos e até mesmo o Catar está, de repente, erguendo instalações para construir arquibancadas. Alguns fornecedores dos países que promovem o boicote estão redirecionando carregamentos por meio dos portos de Omã.
“Para cada desafio que enfrentamos, continuam aparecendo soluções”, disse o secretário-geral do Comitê Supremo de Entrega e Legado da Copa do Mundo do Catar, Hassan Al-Thawadi, em entrevista, em Doha.
“Estamos trabalhando com nossas empreiteiras para garantir a entrega de soluções e alternativas a longo prazo para a cadeia de abastecimento.” Nem ele, nem os analistas arriscaram estimativas para o excesso de custos.
A conta descomunal será paga com a cortesia das vastas reservas de gás natural que permitem que os 2,6 milhões de habitantes do Catar desfrutem da maior renda per capita do mundo.
Essa riqueza energética -- somada a mais de US$ 335 bilhões em ativos ao redor do mundo -- também permite que o Catar se mantenha firme no impasse com a aliança liderada pelos sauditas.
No domingo o bloco reiterou uma lista de 13 exigências que deseja que o Catar cumpra antes de iniciar as negociações para encerrar a divergência.
Mesmo antes de o boicote ampliar os custos, o Catar havia comprometido US$ 200 bilhões para a construção de novos estádios, um sistema de metrô e trens de US$ 35 bilhões e uma nova cidade para 200.000 habitantes. O país também se propôs a dobrar o tamanho do seu aeroporto para atender até 53 milhões de passageiros por ano.
“A Copa do Mundo é um projeto crucial para o Catar”, e o país pagará isso, disse Adel Abdel Ghafar, membro visitante do Brookings Doha Centre. “É uma questão de prestígio e orgulho nacional e eles estão totalmente comprometidos com isso, então não vejo forma de o trabalho do projeto ser interrompido.”
As empreiteiras dizem que tiveram que agir rapidamente para encontrar novos mercados com materiais comparáveis, e isso atrasou os trabalhos.
Al-Thawadi afirmou que isso não afetará o cronograma geral e que os aumentos de custos resultantes da necessidade de criar cadeias de abastecimento de última hora foram mínimos.
“O positivo é que temos uma reserva”, disse Al-Thawadi.