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Bloomberg vira alvo de ataques em debate democrata

Empresário investiu milhões de dólares em publicidade e conseguiu alcançar terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto

Bloomberg, Warren e Sanders: Bloomberg questionou os planos para a economia de Sanders, que se define como um "socialista democrático" (Mike Blake/Reuters)

Bloomberg, Warren e Sanders: Bloomberg questionou os planos para a economia de Sanders, que se define como um "socialista democrático" (Mike Blake/Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de fevereiro de 2020 às 06h35.

São Paulo — O ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg recebeu na quarta-feira à noite uma série de ataques no primeiro debate democrata em que participou, o mais virulento da campanha para escolher quem disputará a presidência dos Estados Unidos contra Donald Trump em novembro.

Antes dos "caucus" (assembleias cidadãs) de sábado no estado de Nevada, o terceiro estado a celebrar a votação interna partidária, o encontro de Las Vegas foi o mais polêmico dos nove organizados até agora, no momento em que o esquerdista Bernie Sanders é apontado como o favorito entre os oito aspirantes na disputa.

Bloomberg, que investiu uma quantia astronômica em publicidade e conseguiu alcançar o terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto dos democratas em apenas três meses, foi chamado de "bilionário arrogante" e questionado por "comentários sexistas" e "políticas racistas".

Sanders, que venceu as primárias em New Hampshire e ficou em segundo lugar em Iowa, também foi alvo de críticas, em particular por seu plano de saúde universal, ma também por seu estilo de liderança e por suas propostas econômicas.

"Não acredito que exista qualquer possibilidade de que o senador vença o presidente Trump", disse Bloomberg.

Mas Sanders não ficou para trás nas alfinetadas.

"Mike Bloomberg possui mais riqueza que 125 milhões de americanos", afirmou o senador. "Isto é imoral".

Com uma fortuna avaliada em 64,2 bilhões de dólares, o empresário é considerado a oitava pessoa mais rica do mundo, de acordo com os dados atualizados da revista Forbes.

"Capitalimo" vs "comunismo"

Uma troca de farpas aconteceu quando Bloomberg questionou os planos para a economia de Sanders, que se define como um "socialista democrático".

"Não vamos tirar o capitalismo. Outros países tentaram. Se chamou comunismo e simplesmente não funcionou", disse, uma menção que Sanders chamou de "golpe baixo"

Sanders lidera a disputa para as eleições americanas com 32% de apoio, à frente do ex-vice-presidente de Barack Obama, o moderado Joe Biden, com 16%, e de Bloomberg, com 14%, de acordo com uma pesquisa Washington Post-ABC News publicada na quarta-feira.

A senadora progressista Elizabeth Warren (12%) aparece em quarto lugar, seguida por outros dois centristas: o ex-prefeito Pete Buttigieg (8%) e a senadora Amy Klobuchar (7%).

"Não deveríamos ter que escolher entre um candidato que deseja queimar este partido e outro que deseja comprar este partido", disse Buttigieg, que venceu o caucus de Iowa e ficou em segundo lugar em New Hampshire.

"Devemos escolher alguém que na realidade seja democrata", acrescentou, em uma crítica ao independente Sanders e também a Bloomberg, que era democrata antes de se candidatar a prefeito como republicano e depois como independente, antes de retornar ao Partido Democrata em 2018.

Em uma estratégia incomum, Bloomberg decidiu não participar das primeiras quatro etapas das primárias: Iowa, New Hampshire, Nevada no próximo sábado e Carolina do Sul em 29 de fevereiro. Ele se concentra na "Super Terça" de 3 de março, quando 14 estados organizam suas votações e decidem um terço da maioria dos delegados (1.991) necessários para definir o candidato do partido, que será oficializado na convenção democrata de julho.

"Grande risco"

Bloomberg, que se perfila como um sólido postulante para enfrentar Trump, outro magnata septuagenário branco, nova-iorquino como ele, também foi criticado por Warren.

"Entendam isto: os democratas correm um grande risco se apenas substituirmos um bilionário arrogante por outro", advertiu, ao equiparar Bloomberg a Trump e lembrar que o ex-prefeito.

"Os democratas não vão ganhar se tivermos um candidato que tem um histórico de esconder suas declarações fiscais, de assediar mulheres e de apoiar políticas racistas ", acrescentou.

Durante sua gestão em Nova York, Bloomberg implementou uma política de detenções e ações arbitrária ("stop-and-frisk"), que segundo os críticos afetou muito mais os negros e latinos. O pré-candidato já pediu desculpas.

"Saiu de controle", afirmou na quarta-feira em Las Vegas, ao admitir que o tema "realmente provoca vergonha".

Apesar de permanecer na defensiva em vários momentos, Bloomberg manteve a compostura e se apresentou como alguém com capacidade de vencer Trump e governar o país.

Em um comício no Arizona, Trump ironizou Bloomberg, a quem chama de "Mini Mike" em referência a sua altura. "Escutei que está sendo atacado esta noite", disse.

E depois de criticar o "Louco Bernie" como eventual adversário, completou: "Não importa quem diabos será porque vamos vencer", enquanto a multidão gritava "Mais quatro anos".

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