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Bispos convocam diálogo na véspera de greve geral na Nicarágua

Oposição nicaraguense convocou uma greve geral de 24 horas como medida de pressão para a retomada do diálogo e contra a repressão violenta

Nicarágua: confrontos já deixaram 152 mortos e 1.340 feridos, segundo o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Jorge Cabrera/Reuters)

Nicarágua: confrontos já deixaram 152 mortos e 1.340 feridos, segundo o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Jorge Cabrera/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de junho de 2018 às 20h24.

Bispos católicos da Nicarágua convocaram nesta quarta-feira o governo e a oposição a retomar o diálogo para buscar uma saída para a crise política, na véspera de uma greve geral no país e após o presidente Daniel Ortega oferecer uma proposta de democratização.

"Estamos convocando a Mesa Plenária do Diálogo Nacional para a próxima sexta-feira, 15 de junho", quando será apresentada a resposta de Ortega à proposta da Conferência Episcopal de antecipar as eleições como parte de um plano de democratização.

Na reunião, em Manágua, serão divulgadas a proposta dos bispos e a resposta por escrito de Ortega.

O anúncio ocorre após a oposição nicaraguense convocar uma greve geral de 24 horas para a quinta-feira, como medida de pressão exatamente para a retomada do diálogo e contra a repressão violenta.

Os confrontos já deixaram 152 mortos e 1.340 feridos, segundo o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh).

O país está semiparalisado há quase dois meses por uma onda de protestos, iniciada em 18 de abril contra a reforma da Previdência.

Em carta publicada nesta quarta-feira nos principais jornais da Nicarágua, mais de 4 mil personalidades pediram à polícia que pare com o banho de sangue causado pela violenta repressão aos protestos.

"O regime de Daniel Ortega já está acabado. Vocês precisam deter de uma vez por todas este insensato banho de sangue", exigiram os signatários da "Carta aberta aos policiais", publicada pelos jornais La Prensa e Nuevo Diario.

Entre os signatários estão o ex-candidato presidencial opositor Fabio Gadea e Claudia Chamorro, filha da ex-presidente Violeta Barrios.

"Deixem suas armas, peguem seus escudos e se unam a nós porque quando desaparecer o poder da família de Daniel Ortega e sua esposa (a vice-presidenta) Rosario Murillo, vocês ficarão sozinhos e desprotegidos", advertiram.

Diante da perspectiva de greve, a população de Manágua e de outras cidades passou a estocar alimentos e gêneros de primeira necessidade, temendo que a paralisação se estenda por mais de um dia.

"A economia produz 35 milhões de dólares diários, pode ser que nem tudo pare porque há atividades que não podem ser detidas", mas a avaliação é que se deixe de produzir entre 25 e 30 milhões de dólares, disse à AFP Mario Arana, diretor da Associação de Produtores e Exportadores da Nicarágua (APEN).

A solução da crise "já tomou um tempo além do que realmente justifica a situação. A população está sendo reprimida e esta paralisação é para expressar seu descontentamento", declarou Arana.

Ortega, de 72 anos, está na presidência desde 2007 e é acusado de abuso de poder e de corromper opositores.

 

 

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