Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial (Stephane de Sakutin/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2012 às 20h56.
Washington - O crescimento econômico na América Latina será menor do que o estimado anteriormente devido à contínua desaceleração global, disse o Banco Mundial (Bird) em relatório nesta quarta-feira.
O órgão projeta para a região crescimento de 3 por cento neste ano, abaixo de sua estimativa anterior de 3,5 por cento a 4 por cento.
Para 2013, o crescimento da América Latina é previsto em 3,8 por cento a 4 por cento, de acordo com um relatório semestral do economista-chefe do Bird para a América Latina e o Caribe.
As conclusões desse relatório seguem em linha com projeções publicadas pelas Nações Unidas na terça-feira.
A queda no ritmo de crescimento da China representa o maior risco imediato à região, agora que é menos provável que a zona do euro venha a desmoronar, avaliou o economista-chefe Augusto de la Torre.
Impulsionada por um crescimento nas commodities, a América Latina ainda é fortemente dependente de exportações e vulnerável a um declínio na demanda global, especialmente da China, importante parceiro comercial.
"Um dos aspectos mais importantes é a situação da China", disse De la Torre.
Ele afirmou ainda que o efeito de longo prazo de Pequim na América Latina depende das forças a conduzirem a economia chinesa.
Alguns economistas acreditam que o declínio chinês é cíclico, um resultado da menor demanda mundial por seus bens, especialmente na Europa, enquanto a política monetária de Pequim continua rígida, antes de transição no Partido Comunista.
Outros acreditam que a China pode estar experimentando uma mudança estrutural, em que o forte crescimento liderado por exportações do passado transforma-se em ganhos mais modestos baseados na expansão doméstica.
De la Torre disse ainda que uma desaceleração prolongada na China pode ter um efeito mais dramático sobre economias sul-americanas dependentes de exportações, como Brasil e Argentina.
Menor abismo - A desaceleração do crescimento na América Latina não se traduziu, entretanto, em menos emprego. A taxa de desemprego de 6,5 por cento em 2011 se aproximou de mínimas históricas, abaixo do pico de 11 por cento na virada do século.
A América Latina é uma das poucas regiões no mundo a ver um estreitamento do abismo entre ricos e pobres ao longo da última década, uma tendência que continuou apesar da desaceleração econômica global.
"A América Latina é o único lugar no mundo onde a desigualdade de renda está diminuindo", disse De la Torre.
O coeficiente de Gini, uma importante medida da desigualdade, caiu fortemente em 12 de 15 países da região de 2000 a 2010 --embora a separação entre ricos e pobres continue mais alta do que na maior parte dos países desenvolvidos.
Mas as causas desse declínio na desigualdade podem ser mais preocupantes --tendo menos a ver com a eliminação da pobreza e mais com a estagnação dos salários para os de maior renda, ou para aqueles com níveis de instrução mais altos, de acordo com o relatório.
Uma explicação é que trabalhadores menos capacitados são alvo de maior demanda em avanços baseados em commodities do que aqueles com graduações universitárias.
Mas o dado também pode sinalizar que a qualidade do ensino superior está diminuindo, o que significa que estudantes formados não recebem necessariamente salários mais altos quando deixam a universidade.
"Uma sociedade mais igualitária pode esconder alguns fatores preocupantes", acrescentou De la Torre.