Bill Clinton no evento C40 Summit, que acontece entre hoje e amanhã em São Paulo. (Vanessa Barbosa)
Vanessa Barbosa
Publicado em 1 de junho de 2011 às 13h45.
São Paulo – Ele chegou atrasado ao encontro, pediu desculpas e disse que o avião “ficou dando volta no aeroporto por quase uma hora antes de pousar”. Após alguns segundos de mea-culpa, o ex-presidente da maior economia do mundo Bill Clinton lançou: “Há muitos riscos e oportunidades nas mudanças climáticas, só depende das decisões que tomarmos”.
"Acredito que construir um futuro sustentável é o único jeito de fazer a economia funcionar e afastar os riscos de desastres naturais”, disse Clinton, durante o C40 Summit, reunião bienal entre os líderes das megacidades que visa discutir o papel dos governos locais na luta pela redução das emissões de gases efeito estufa (GEE).
Em 2006, a rede C40 estabeleceu uma parceria com a Clinton Climate Initiative - CCI, fundação liderada pelo ex-presidente americano, que garante, entre outras coisas, o desenvolvimento e a efetivação de projetos para o consumo de energia sustentável nas metrópoles. Para Bill Clinton, os esforços que estão sendo depreendidos em prol do meio ambiente por institutos privados, governos nacionais e locais não são suficientes para afastar os riscos e contagiar a economia como um todo com o pensamento sustentável.
Por isso, diz Clinton, é preciso focar nas oportunidades. Como exemplo, citou a questão dos aterros sanitários que produzem grande quantidade de metano, gás 20 vezes mais poderoso e nocivo ao aquecimento global do que o dióxido de carbono. “Se acabássemos com os aterros, investíssemos em bioenergia e reciclássemos os resíduos sólidos, ganharíamos mais 20 anos para resolver com sabedoria a questão do aquecimento global”.
O ex-presidente americano elogiou o programa paulista de redução de emissões de gás metano nos aterros municipais. “Estou contente de estar em um país que reconhece seu papel nesse processo e sabe dos recursos que tem”, afirmou. Segundo Clinton, um dos maiores obstáculos diz respeito à parte de financiamento. “Os projetos verdes ainda são muito vistos pelos altos custos de implementação e não como as minas de ouro que são”, defendeu o ex-presidente, ressaltando que o investimento em projetos sustentáveis é recompensado entre dois e vinte anos.