Bill Clinton: o ex-presidente dos EUA afirmou que a Polônia abandonou a democracia e se dirige a um regime como o da Rússia (REUTERS/Gary Cameron)
Da Redação
Publicado em 18 de maio de 2016 às 11h13.
Varsóvia - A primeira-ministra da Polônia, a nacionalista Beata Szydlo, disse nesta quarta-feira que o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton "deveria pedir desculpas" por afirmar que a Polônia abandonou a democracia e se dirige a um regime como o da Rússia do atual chefe do Kremlin, Vladimir Putin.
"São declarações totalmente injustificadas e injustas, e (Clinton) deveria pedir desculpas", afirmou Szydlo em entrevista à rádio pública polonesa.
O ex-presidente dos Estados Unidos fez estas polêmicas declarações no fim de semana passado, durante um ato em apoio a sua esposa, a candidata democrata Hillary Clinton, em Nova Jersey.
"Polônia e Hungria - dois países que não seriam hoje livres se não tivesse sido pelos Estados Unidos e os efeitos da longa Guerra Fria- decidiram agora que a democracia é problemática demais", disse Bill Clinton, que garantiu que esses estados querem impor "ditaduras" similares ao modelo da Rússia de Putin.
O Congresso polonês-americano ameaçou boicotar a campanha presidencial de Hillary Clinton se seu marido não se retratar publicamente destas afirmações.
Esta não é a primeira vez que o governo polonês do partido nacionalista Lei e Justiça recebe críticas desde os Estados Unidos.
Em 10 de fevereiro, os senadores americanos John McCain, Ben Cardin e Richard J. Durbin denunciaram em carta aberta as políticas do Executivo da Polônia, já que "ameaçam a independência dos meios de comunicação estatais e do Tribunal Constitucional, além de minar o papel da Polônia como um modelo democrático para outros países da região".
"Estas declarações e cartas se devem a uma falta de conhecimento sobre o que verdadeiramente está ocorrendo na Polônia", disse então o ministro das Relações Exteriores polonês, Witold Waszczykowski.
A União Europeia também criticou as reformas legais empreendidas pelo novo governo polonês, e em fevereiro a Comissão Europeia abriu uma investigação para determinar se essas medidas violam as normas comunitárias, algo que se for confirmado pode render sanções para a Polônia como a perda do direito de voto na União Europeia.