Mundo

Bilionário indiano é acusado de esquema de suborno envolvendo mais de R$ 1 bi nos EUA

Promotoria americana acusa Adani e executivos de pagar milhões em subornos para garantir contratos de energia na Índia.

Gautam Adani enfrenta acusações de corrupção nos EUA, em meio a investigações sobre subornos pagos para obter contratos lucrativos. (Chirag200201/Wikimedia Commons)

Gautam Adani enfrenta acusações de corrupção nos EUA, em meio a investigações sobre subornos pagos para obter contratos lucrativos. (Chirag200201/Wikimedia Commons)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 21 de novembro de 2024 às 10h59.

O bilionário indiano Gautam Adani, um dos homens mais ricos do mundo, enfrenta acusações formais nos Estados Unidos por supostamente liderar um esquema de suborno envolvendo centenas de milhões de dólares. Segundo promotores federais, Adani e sete executivos de alto escalão de sua empresa teriam pago mais de US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,45 bilhão) em subornos a autoridades indianas para obter contratos no setor de energia solar entre 2020 e 2024. As informações são da Business Insider.

Os contratos, segundo a acusação, estavam projetados para gerar lucros superiores a US$ 2 bilhões (aproximadamente R$ 11,6 bilhões) ao longo de duas décadas.

Detalhes do caso

De acordo com o processo, Adani teria se reunido pessoalmente com autoridades do governo indiano em diversas ocasiões para facilitar o esquema. As acusações alegam que os subornos foram ocultados de investidores americanos, que foram induzidos a comprar títulos financeiros da Adani Green Energy Limited, uma das empresas do conglomerado.

A promotoria aponta que Adani e outros executivos, incluindo seu sobrinho Sagar Adani, usaram declarações falsas para convencer investidores dos Estados Unidos de que a empresa tinha um programa robusto de compliance e que não havia envolvimento em práticas de suborno.

Além disso, o processo alega que os executivos discutiam regularmente os pagamentos corruptos em aplicativos de mensagens e documentavam detalhadamente os subornos prometidos. Mensagens e documentos, como planilhas e apresentações em PowerPoint, eram usados para planejar e ocultar os pagamentos ilícitos.

Ação da SEC

Paralelamente, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) apresentou acusações contra Gautam Adani e Sagar Adani, alegando violações das leis federais de valores mobiliários. A SEC busca sanções civis, proibições permanentes de cargos executivos e multas.

Segundo Sanjay Wadhwa, diretor interino da Divisão de Execução da SEC, Adani e seus associados "induziram investidores americanos a comprar títulos financeiros com base em falsas representações de conformidade e integridade corporativa."

Contexto e implicações

Gautam Adani, fundador e presidente do Adani Group, possui uma fortuna estimada em mais de US$ 85 bilhões (cerca de R$ 517 bilhões), de acordo com a Bloomberg. Seu conglomerado é um dos mais influentes da Índia, com atividades que abrangem infraestrutura, energia e logística.

No entanto, essas acusações representam um golpe significativo à reputação do grupo e podem ter implicações para os negócios internacionais da empresa. Promotores americanos destacaram que os contratos obtidos com base em subornos influenciaram diretamente os preços e os riscos associados às transações financeiras envolvendo títulos da Adani Green Energy Limited.

Evidências e próximos passos

Os promotores mencionam que um dos réus, Sagar Adani, usou seu telefone celular para registrar detalhes específicos dos subornos prometidos a funcionários do governo. Outro executivo, Rupesh Agarwal, teria circulado documentos detalhando opções para realizar e ocultar os pagamentos ilegais.

Caso condenados, Gautam Adani e seus executivos podem enfrentar penalidades significativas, incluindo multas financeiras e sanções administrativas que podem comprometer os negócios do grupo globalmente.

Acompanhe tudo sobre:ÍndiaEstados Unidos (EUA)BilionáriosSEC

Mais de Mundo

Polícia da Zâmbia prende 2 “bruxos” por complô para enfeitiçar presidente do país

Rússia lança mais de 100 drones contra Ucrânia e bombardeia Kherson

Putin promete mais 'destruição na Ucrânia após ataque contra a Rússia

Novo líder da Síria promete que país não exercerá 'interferência negativa' no Líbano