Bielorrússia: pesquisas de boca de urna mostram vitória de Alexander Lukashenko com 80% dos votos (Vasily Fedosenko/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2020 às 06h54.
Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 08h29.
A pandemia do novo coronavírus deve fazer da Europa um lugar mais unido e integrado do que nunca, com pacotes de auxílio e bônus emitidos em conjunto para renovar a economia do continente. Mas, mundo afora, a pandemia está também acelerando o populismo político, com a divisão política e a distribuição de fake news de toda sorte. Nesta segunda-feira, a Bielorrússia, em plena Europa, volta a ser palco não desta nova integração europeia, mas de um populismo que se renova na crise.
Protestos tomam conta do país após nova vitória eleitoral de Alexander Lukashenko, que governa o país desde 1994, após o fim da União Soviética. Pesquisas de boca de urna mostram vitória com 80% dos votos, enquanto sua principal adversária, a ex-professora Svetlana Tikhanouskaya, teve menos de 10% dos votos.
Concorrer contra Lukashenko é um risco. O ex-banqueiro Viktor Babaryko, seu oponente mais forte, foi preso em junho acusado de "fraude" e proibido de concorrer. Outra opositora, Maria Kolesnikova, foi presa no sábado. A chefe de campanha de Tikhanouskaya também foi presa no sábado. A própria Tikhanouskaya só entrou na campanha porque seu marido também foi preso.
Water cannons, tear gas and stun grenades have been unleashed on protesters in Belarus after an apparent election win by Alexander Lukashenko. pic.twitter.com/8Cc3CZhJHC
— SBS News (@SBSNews) August 10, 2020
Fácil entender a revolta popular após nova vitória do líder bielorruso, portanto. Mas protestar por lá também é arriscado. Segundo agências internacionais, dezenas de manifestantes foram presos após repressão das forças policiais a protestos em várias partes do país, sobretudo na capital, Minsk, onde mais de 60.000 pessoas foram às ruas. Segundo o jornal Financial Times, o grito de guerra era "Saia", para Lukashenko.
Para além da falta de reformas, os manifestantes criticam os números ruins no combate ao novo coronavírus. Com 9 milhões habitantes, a Bielorrússia teve 68.000 casos de covid-19, mais do que a vizinha Polônia, que tem quatro vezes mais moradores. Lukashenko é aliado de outro longevo líder europeu -- o vizinho Vladimir Putin. "Estamos no mesmo barco", afirmou o bielorrusso.